O Bank of America Merrill Lynch elevou a previsão de crescimento do Brasil em 2017, de 0,8% para 1,5%. Além disso, reduziu as estimativas para inflação, juros e real neste ano e no próximo. “Novo governo, novas previsões”, afirma o banco em um relatório enviado ontem a clientes. O texto fala de expectativas em torno do governo de Michel Temer.

Para 2016, o BoFA manteve a previsão de retração de 3,5% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. A razão é que a mudança de governo e as novas medidas econômicas podem demorar um tempo, normalmente dois trimestres, para ter impacto nos níveis de confiança dos consumidores e investidores. Ou seja, não haveria muito espaço para mudança da trajetória do PIB em 2016. A elevação da confiança, que está em patamares historicamente baixos, é um fator que deve ajudar na recuperação da atividade.

No caso da inflação, o BoFA cortou a previsão de alta de 6,9% este ano para 6,7%. Em 2017, o banco espera aumento dos preços de 5,3%, abaixo dos 5,5% previstos antes. Um dos fatores que deve ajudar a conter a pressão para a elevação dos preços é a valorização do real.

Cenário fiscal – A queda da inflação e um melhor cenário fiscal abrem espaço para o Banco Central cortar juros este ano, de acordo com o relatório.”Prevemos um novo cenário macroeconômico no governo de Michel Temer, na medida em que se espera que ele tenha mais apoio do Congresso”, afirmam os economistas do banco norte-americano, David Beker e Ana Madeira. “A melhor governabilidade deve ajudar o novo governo a aprovar as necessárias medidas fiscais e econômicas, o que deve resultar em melhor perspectiva para as contas fiscais no futuro.”

A avaliação do BoFA é de que o tempo é uma questão essencial para a nova administração e que Temer precisa agir rapidamente, aproveitando a lua de mel com o mercado e o Congresso. Além disso, ele montou uma equipe econômica forte e com experiência em lidar com momentos de crise, o que também abre espaço para uma avaliação mais favorável do cenário. A Operação Lava Jato, porém, é um fator de risco e deve seguir provocando tensão política.

Nos últimos dias, alguns bancos estrangeiros têm melhorado as previsões para o Brasil. Na quinta-feira (12), o Morgan Stanley elevou a aposta para o PIB em 2017 e reduziu as estimativas de inflação e juros. O Deutsche Bank fez movimento semelhante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.