O economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Huw Pill, projetou nesta segunda-feira, 6, que a inflação britânica deve cair para cerca de 5% na leitura de outubro. Em evento institucional, o dirigente comentou sobre as disparidades nos efeitos de choques econômicos entre países, especialmente entre Europa, Estados Unidos e Reino Unido, e outras dinâmicas internas que afetaram a demora na redução dos preços.

“Estamos confiantes de que os preços de concessionárias vão cair nos próximos meses”, afirmou ele. “Reduções nos preços de energia demoraram para se refletir na inflação do Reino Unido pelos mecanismos internos que impedem a transmissão imediata, provocando um atraso de aproximadamente três meses na dinâmica de preços”.

Entretanto, Pill alerta que existem outras incertezas que podem afetar a trajetória da inflação e afastar os preços das projeções e da meta do banco central britânico. “Os conflitos no Oriente Médio são o exemplo perfeito, porque ainda não sabemos quais serão suas implicações econômicas”, apontou.

O economista também lembrou que a política monetária é uma ferramenta de transmissão direta e que “não é ideal para aperfeiçoamentos” na trajetória dos preços, portanto, tornando necessária a cautela na condução da política conforme a inflação caminhe rumo à meta.

Juros

O economista-chefe do BoE disse que ainda é prematuro falar sobre cortes de juros neste ano, mas que os dirigentes podem reconsiderar a possibilidade de alterar a instância da política monetária por volta do segundo semestre de 2024.

Pill reiterou que a desaceleração no crescimento, no emprego e na demanda parecem consistentes com o atual nível elevado da inflação, sugerindo uma ligação maior dos preços a dinâmicas de oferta. Para ele, este cenário representa a necessidade de manter os juros restritivos por tempo prolongado, até que a redução dos preços à meta de 2% seja alcançada de forma sustentada.

“Juros estão em níveis restritivos o suficiente para afetar economia e demanda, mas é crucial retornar inflação para nível de 2%”, ressaltou, durante sessão de perguntas e respostas promovida pelo BoE. “Temos que continuar eliminando pressões inflacionárias até atingir nosso objetivo”.

No evento, Pill alertou sobre os perigos de ajustar a meta de inflação ou alterar instância restritiva antes de atingir a meta, como perda de credibilidade para a política monetária e descolamento das expectativas inflacionárias. “Existem alguns riscos latentes, por exemplo: a inflação pode seguir acima de 2%, se juros não continuarem restritivos, ou podemos provocar uma recessão por prolongar aperto por tempo demais”, pontuou.

O economista também acrescentou que, mesmo que as taxas voltem a cair no Reino Unido, o processo não deve ser rápido e o nível neutro provavelmente será superior ao período pré-pandemia. “Não devemos antecipar que juros voltarão à 0% ou que cairão rapidamente”, afirmou Pill.