TÚNIS, 14 OUT (ANSA) – Pesquisas de boca de urna apontaram a vitória do jurista conservador independente Kais Saied nas eleições presidenciais da Tunísia, cujo segundo turno ocorreu neste domingo (13), com cerca de 77% dos votos.   

Seu adversário, o magnata Nabil Karoui, que passou quase toda a disputa na cadeia, aparece com 23%. Said, que baseou sua campanha em um discurso de integridade moral e contra a corrupção, havia terminado o primeiro turno com 18,40% dos votos, contra 15,58% de Karoui.   

“Agradeço aos cidadãos e cidadãs que decidiram abrir uma nova página na história. O povo tunisiano deu uma lição ao mundo inteiro ao oferecer uma nova definição de revolução”, disse o candidato vencedor.   

Já Karoui admitiu a derrota, mas disse que sua prisão prejudicou a campanha. “Eu tinha um programa para erradicar a pobreza, mas não pude apresentá-lo. As 48 horas à minha disposição não me permitiram fazer grande coisa”, declarou o candidato derrotado, que é acusado de crimes financeiros.   

Karoui ficou preso por sete semanas e foi solto apenas na última quarta-feira (9), às vésperas do segundo turno. Seu partido, no entanto, será a principal força de oposição ao governo e terá a segunda maior bancada no Parlamento.   

Primavera – Aos 61 anos, Saied se torna o segundo presidente eleito por sufrágio universal na Tunísia, caso único de democracia entre os países que protagonizaram a Primavera Árabe, em 2011. Ele substitui Beji Caid Essebsi, que morreu em julho passado, aos 92 anos de idade.   

O presidente na Tunísia exerce apenas o cargo de chefe de Estado e cuida de assuntos como política externa, defesa e segurança nacional, enquanto o dia a dia do governo é responsabilidade do primeiro-ministro, função exercida hoje por Youssef Chahed, que fez campanha contra Karoui.   

Saied é contra a abolição da pena de morte, o aborto e a descriminalização da homossexualidade. Ele se declara muçulmano, “mas não islamita”. Seu programa prevê o saneamento das instituições estatais e a descentralização administrativa.   

Sua primeira grande tarefa como presidente será empossar o novo primeiro-ministro, que terá trabalho para costurar alianças no fragmentado Parlamento tunisiano e garantir uma maioria estável para governar. (ANSA)