O lendário cantor folk americano Bob Dylan lançou nesta sexta-feira (19) seu primeiro álbum com músicas originais em oito anos, “Rough and Rowdy Ways”.

O 39º álbum de estúdio de Dylan tem 10 novas músicas, incluindo “Murder most foul”, uma balada de 17 minutos sobre o assassinato de John F. Kennedy, além de uma homenagem ao músico de blues Jimmy Reed.

“Rough and Rowdy Ways” é o primeiro material novo do Prêmio Nobel de Literatura desde o lançamento de “Tempest” em 2012, embora tenha lançado vários covers nesse meio tempo.

O músico combina blues com histórias de folk, sua voz rouca entoando letras que vão do humor negro à desolação turbulenta.

Às vezes é quente, às vezes cáustico.

Na primeira música do álbum, “I Contain Multitudes”, o músico de 79 anos fala sobre a mortalidade e como ele dorme na mesma cama “com a vida e a morte”.

Em uma entrevista recente ao The New York Times, Dylan disse que não pensa em sua própria morte, mas na morte da humanidade como espécie.

“Penso na morte da raça humana. A longa e estranha jornada do macaco nu. Não quero tratá-la com leviandade, mas a vida de todos é tão efêmera. Todo ser humano, por mais forte ou poderoso que seja, é frágil quando se trata da morte. Penso em termos gerais, não de maneira pessoal”, afirmou.

As músicas atravessam a cultura pop do século XX, falam de mitos e se referem a figuras ficcionais e históricas, algumas leves, outras trágicas.

Em “I Contain Multitudes”, Dylan cita Indiana Jones, Anna Frank e The Rolling Stones no mesmo verso.

“Murder Most Foul”, lançada originalmente em março, relata o assassinato do presidente Kennedy em Dallas, Texas, em 1963, enquanto descreve a contracultura da década de 1960.

A música, que chegou ao topo da parada da Billboard, traz os nomes de vários artistas, incluindo The Eagles, Charlie Parker, Stevie Nicks e Beatles.

As músicas mais populares de Dylan dos anos 1960 e 1970 falam sobre brutalidade policial e racismo, como “Hurricane”. Agora, o músico menciona o massacre racial de Tulsa, Oklahoma, em 1921, quando turbas de brancos atacaram residentes e comerciantes negros por dois dias.

Há também uma referência ao “homem pássaro de Alcatraz”, um dos assassinos em série mais famosos dos Estados Unidos.

Em “False Prophet”, a segunda música do álbum, de seis minutos, Dylan parece arrogante, sem remorsos ao se referir à sua própria mitologia. “Eu não sou um falso profeta”, diz.

Dylan, que recebeu a Medalha da Liberdade em 2012 do presidente Barack Obama, quase sempre esteve em turnê nas últimas três décadas, apesar de sua idade avançada.

Mas precisou cancelar uma série de shows agendados para abril no Japão e junho e julho na América do Norte devido à pandemia de coronavírus.