O momento de descontração de três militares das Forças Armadas, na orla de Copacabana, mostra apenas um lado da rotina dos nove mil soldados enviados pelo governo federal ao Rio de Janeiro. O pedido de reforço na segurança foi feito pelo governador Luiz Fernando Pezão. O presidente Michel Temer atendeu a solicitação, ordenou que fossem deslocados militares do Exército e da Fuzilaria Naval, recusando, acertadamente, que eles permanecessem na chamada Operação Carioca durante o carnaval. Essa era a intenção de Pezão. Há, no entanto, um relativo descontentamento entre os oficiais com o fato de as Forças Armadas estarem sendo desviadas constantemente de suas finalidades constitucionais para exercerem o papel de polícias estaduais, correndo atrás de meliantes – nos últimos três anos, por exemplo, o Exército cumpriu essa função em um estado a cada três dias. Tal descontentamento entre o alto comando se tornaria absoluto, sem dúvida, se tal missão englobasse agora até o policiamento de avenidas e do sambódromo para desfiles carnavalescos – e foi nesse ponto que a sensibilidade política de Temer falou mais alto. Indicador concreto de tudo isso veio na quarta-feira 15: soldados trocaram tiros com assaltantes e um dos bandidos morreu. No mesmo instante subiu o descontentamento dos que enxergam nesses episódios motivo de desgaste para as Forças Armadas, enquanto a PM ficou preservada cuidando apenas de eventuais manifestações políticas contra o governador Pezão. Afirmou-se no início desse texto que a troca de sorrisos entre a moça de Copacabana e os rapazes fardados era somente um lado da presença deles na cidade. Pois bem, o outro lado é tensão, tiroteio e, sobretudo, risco no prestígio para as Três Armas do Brasil.

PREFEITURAS
Terceiro turno

Os novos prefeitos ainda não completaram dois meses de mandato e já há no Brasil 34 cidades com vereadores exercendo o poder executivo. Motivo: os prefeitos e seus vices estão enrolados com a Justiça eleitoral devido a dinheiro ilícito que entrou nas campanhas. Na semana passada decidiu-se que pelo menos 15 cidades do País retornam às urnas em março para eleger novos mandatários.

STF
Indenização sem dinheiro
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Numa decisão técnica, porque cumpre a Constituição, e política, porque tenta forçar os estados a melhorarem suas penitenciárias, o STF mandou indenizar em dois mil reais, por dano moral, um detento do Mato Grosso do Sul, que amargou superlotação. A decisão serve para todo preso, até porque não há um centímetro de cadeia no País que não ofenda moralmente quem esteja nela. Conta feita: tem-se um total de um bilhão e trezentos milhões em indenização, já que há seiscentos e cinquenta mil presidiários. Ninguém verá a cor do dinheiro: os estados estão na pendura, sem verba para pagar sequer salário de professor.

4,47%
é a nova estimativa do Relatório de Mercado Focus para a inflação de 2017. Fica assim abaixo da meta visada pelo governo: 4,5%. A redução se deu com o IPCA de janeiro em 0,38%, menor índice desde 1994.

GRAMMY
A mentira do troféu

Adele brilhou no Grammy: cinco prêmios. Brilhou também quando elogiou Beyoncé: “é a artista da minha vida”. Ao dizer isso, exibiu um troféu partido em dois, e insinuou que daria a ela uma das metades. O altruísmo é que teve quinze minutos de glória. Ao final da cerimônia Adele foi vista trocando ambas as partes por um troféu inteiro.

BRASÍLIA
Parente ficou de fora

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Foi aprovada pela Câmara dos Deputados a abertura de novo prazo para quem quiser aderir ao programa de repatriação de dinheiro mantido ilegalmente no exterior. Há muito parlamentar descontente: seus familiares não poderão se valer da medida.

CORRUPÇÃO
Processo em penca

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O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, que está preso no complexo penitenciário de Bangu e já é réu em uma ação penal, foi novamente denunciado na semana passada pelo MPF. Dessa vez a denúncia engloba 184 crimes de lavagem de dinheiro.

O carnaval descobre Cabral

Wagner Cinelli é músico e desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Como sempre, é dono de boa inspiração. Compôs para o carnaval a seguinte marchinha: “puxei a pena e veio uma galinha/tem mais um preso, vê se adivinha/ai, ai, seu Cabral/de Portugal,uma lição/só cuida do galinheiro/quem não vai meter a mão”

NEGÓCIOS
Heineken é vice-líder no mercado

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A holandesa Heineken assumiu a vice-liderança do mercado brasileiro de cervejas com a compra da Brasil Kirin, dona das marcas Devassa e Schin — no topo continua a Ambev. Valor do negócio: R$ 2,2 bilhões. A kirin (japonesa), que adquirira por R$ 6 bilhões a Schincariol, acusou nos últimos dois anos um prejuízo operacional no País na casa dos R$ 800 milhões. O Brasil é o terceiro maior mercado global de cerveja.

ESPORTE
Mau gosto no hino

Antes da partida de tênis entre EUA e Alemanha, na semana passada, no Havaí, executaram-se os hinos. Ao invés do hino alemão oficial, o que se ouviu foi o hino dos tempos do nazismo. “Horrível”, disse a tenista Andrea Petkovic. Foi pura provocação da Associação de Tênis dos EUA, agora na era Trump, adversário político de Angela Merkel.


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