Após 11 anos, carros produzidos no Brasil voltam ao mercado americano em volume significativo. A fabricante alemã BMW vai exportar 10 mil unidades do utilitário X1 produzido na fábrica de Araquari (SC). Os embarques começarão em julho. Para dar conta da demanda extra, que se estenderá até o fim do ano, a montadora vai contratar 300 funcionários por tempo determinado. Atualmente a fábrica tem 700 trabalhadores.

Inaugurada em outubro de 2014 com investimentos de R$ 800 milhões, a fábrica tem capacidade para 32 mil veículos ao ano. Produz, além do X1, os modelos Série 1, Série 3, X3 e Mini Countryman, todos do segmento de luxo. No ano passado, foram produzidas 11 mil unidades, todas para o mercado interno que, atualmente, passa por forte depressão nas vendas totais de veículos.

O contrato, em valor não revelado, é para complementar as exportações da fábrica da BMW em Regensburg, na Alemanha, que não dará conta de atender a demanda dos Estados Unidos. “Mais do que ajudar a equilibrar nosso volume de produção, essa exportação é importante em razão do nosso enquadramento de competitividade dentro do grupo”, afirma Gleide Souza, diretora de relações governamentais da empresa no Brasil.

“Houve um processo de convencimento da matriz de que a caçula do grupo tem condições de preencher a lacuna da fábrica alemã”, diz Gleide. “Provamos que o carro que sai daqui tem a qualidade global estabelecida pelo grupo”. Segundo ela, esse contrato pode abrir outras portas, inclusive na América do Sul, embora, inicialmente, a fábrica catarinense tenha sido pensada apenas para abastecer o mercado doméstico.

Gleide ressalta que, embora tenha provado a qualidade do X1 feito no Brasil, o preço local ainda não tem competitividade se comparado ao da fábrica alemã. “Por enquanto vamos atender a uma lacuna, pois nossa escala ainda é pequena, enquanto na Alemanha é elevada, o que reduzo o custo de produção.”

O presidente da BMW do Brasil, Helder Boavida, afirma que “a iniciativa demonstra que a fábrica de Araquari atende a todos os requisitos de qualidade e eficiência exigidos pelo grupo, estando apta a fornecer veículos para outros mercados, entre eles o norte-americano, um dos mais exigentes do mundo”.

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O modelo que será enviado aos EUA terá motor 2.8 a gasolina. Os nacionais têm motor 2.0 flex e custam entre R$ 167 mil e R$ 200 mil.

As vendas da BMW no primeiro trimestre caíram 36,4% em relação ao mesmo período do ano passado, para 2.187 automóveis. O mercado total nesse segmento caiu 26,7%, para 400,1 mil unidades. A empresa não faz projeções da marca para este ano, mas acredita que o mercado total de carros de luxo fique pouco acima de 52 mil unidades, metade do que havia sido previsto pelos fabricantes desse segmento há alguns anos. Também produzem no Brasil as marcas Audi e Mercedes-Benz. A Jaguar Land Rover vai inaugurar fábrica neste semestre.

Aposta. A última grande exportação de veículos brasileiros para os EUA ocorreu de 2000 a 2005 com o envio, pela Volkswagen, de 137.925 unidades do Golf fabricadas No Paraná. Antes disso, a montadora alemã havia exportado 227.084 unidades do Voyage e da Parati para os EUA e o Canadá, entre 1987 e 1993.

Quem também está de olho no mercado americano é o grupo Fiat Chrysler, que tem recebido consultas de interessados na picape Toro, lançada este ano e produzida na fábrica da marca Jeep em Goiana (PE), também recém-inaugurada.

Exportar é uma das grandes apostas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para reduzir a ociosidade das fábricas brasileiras. Atualmente, elas operam com metade da capacidade produtiva.

No primeiro trimestre foram vendidos no exterior 98,8 mil veículos, 24% a mais que no mesmo intervalo de 2015. Segundo a Anfavea, constam nesse volume o envio de 26 veículos para os EUA (provavelmente para testes ou usos específicos). No ano passado seguiram para o mercado americano 164 veículos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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