17/02/2017 - 20:49
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, denunciou nesta sexta-feira (17) o bloqueio do sinal da CNN em espanhol na Venezuela, considerando a medida “autoritária” e incompatível com as normas interamericanas contra a censura.
“O governo da Venezuela, de forma autoritária, voltou ao ataque contra a liberdade de expressão, a democracia e o direito à informação do povo venezuelano”, disse Almagro, em um vídeo postado em sua conta no Twitter.
Na quarta-feira (15), o presidente Nicolás Maduro ordenou a expulsão das operadoras de televisão por assinatura da filial em espanhol do canal americano, o qual classificou como “instrumento de guerra”.
Para o secretário-geral do órgão regional, a decisão reforça “um regime de censura prévia incompatível com os instrumentos interamericanos que proíbem a censura para informações de notório interesse público”.
Na quinta-feira (17), a autoridade reguladora das tTlecomunicações anunciou que também trabalha no bloqueio do sinal da emissora na Internet.
O gatilho da reação do governo venezuelano foi uma reportagem da CNN divulgada na semana passada. Nela, a rede denunciou uma suposta venda de passaportes e de vistos na embaixada venezuelana em Bagdá e a possibilidade de que esses documentos possam ter parado em mãos terroristas.
Caracas negou essas afirmações e desqualificou as fontes da reportagem.
Duro crítico do governo venezuelano, Almagro também denunciou a detenção e posterior expulsão dos jornalistas Leandro Stoliar e Gilzon Souza, da Rede Record, que investigavam as ramificações na Venezuela do escândalo de corrupção da construtora.
“A liberdade de expressão tem uma função social fundamental no sistema democrático. A censura e o assédio à imprensa estão transformando a liberdade de expressão na Venezuela uma declaração teórica”, denunciou.
“Defender a liberdade dos meios de comunicação e dos jornalistas para se expressar é defender a democracia”, insistiu, acrescentando que “esses são os valores que temos de recuperar na Venezuela já”, completou.