WASHINGTON, 20 FEV (ANSA) – Após ter gastado mais de US$ 300 milhões em anúncios para subir nas pesquisas, o pré-candidato à Presidência dos Estados Unidos Michael Bloomberg participou de seu primeiro debate na campanha para as eleições de 2020 e foi o alvo preferido de praticamente todos os seus adversários.   

O confronto ocorreu na noite desta quarta-feira (19), em Las Vegas, cidade mais populosa do estado de Nevada, que realiza seu caucus no próximo sábado (22). O palco reuniu seis dos oito pré-candidatos, os únicos que ainda acalentam alguma chance de desafiar o republicano Donald Trump: os senadores Bernie Sanders, Elizabeth Warren e Amy Klobuchar, os ex-prefeitos Pete Buttigieg (South Bend) e Bloomberg (Nova York) e o ex-vice-presidente Joe Biden.   

Em alta nas pesquisas após uma agressiva campanha de anúncios, Bloomberg passou o debate inteiro rebatendo críticas de seus adversários, especialmente sobre a suposta tentativa de “comprar” a Presidência e sobre os acordos para silenciar casos de assédio e sexismo em sua empresa de mídia.   

Além disso, também foi bastante questionado sobre a prática da polícia de Nova York durante sua gestão (2002-2013) de parar e revistar (stop and frisk) pessoas nas ruas. Estatísticas mostram que mais de 80% dos “suspeitos” abordados eram negros ou latinos e inocentes.   

“Eu gostaria de falar sobre contra quem estamos concorrendo: um bilionário que chama mulheres de ‘gordas’ e ‘lésbicas com caras de cavalo’. E, não, eu não estou falando de Donald Trump. Estou falando sobre o prefeito Bloomberg”, disse Warren, que se mostrou incisiva em um momento delicado para sua campanha.   

“Os democratas não vão vencer se indicarem alguém com histórico de esconder o imposto de renda, de assediar mulheres, nem se apoiarem políticas racistas como o ‘stop and frisk’. Vejam, eu vou apoiar quem quer que os democratas indiquem, mas entendam isso: os democratas vão assumir um grande risco se apenas substituírem um bilionário arrogante por outro”, acrescentou a senadora.   

Já Sanders questionou Bloomberg por seu apoio a George W. Bush no passado e afirmou que a fortuna do ex-prefeito foi construída pelo esforço de seus trabalhadores. O bilionário ainda foi vaiado pelo público quando disse que não pretende derrubar o sigilo dos acordos relativos a casos de sexismo em sua empresa.   

Até mesmo Biden, o ex-favorito em noite discreta, criticou Bloomberg por seu passado republicano. “Ele não deu nem seu apoio a Barack Obama e a mim”, declarou. O ex-prefeito de Nova York, por sua vez, usou o argumento da elegibilidade.   

“Apenas eu posso bater Donald Trump e tenho a experiência para ser presidente. Fui prefeito da cidade mais diversa do país, empreendedor, gestor, filantropo”, disse, acrescentando que uma vitória de Sanders nas primárias daria mais quatro anos para Trump na Casa Branca.   

Até o momento, os democratas já realizaram prévias em dois estados: Buttigieg venceu o controverso caucus de Iowa, enquanto Sanders ganhou em New Hampshire. Em Nevada, no sábado, o senador entra como favorito, mas o estado também oferece poucos delegados para a contagem final.   

As atenções já estão voltadas para a “Superterça”, em 3 de março, quando 14 estados, além da Samoa Americana, vão às urnas e que marcará a entrada oficial de Bloomberg na disputa. Serão distribuídos 1.344 dos 3.974 delegados, o que deve restringir ainda mais o campo de pré-candidatos. (ANSA)