Os cariocas continuam a curtir os blocos de carnaval nas ruas do Rio de Janeiro nesta terça-feira (13), inclusive com um convocado por evangélicos.

Oitenta blocos levaram milhares de pessoas às ruas da cidade no último dia de farra e fantasias antes da Quarta-Feira de Cinzas, em contraste com o cotidiano de violência, corrupção e crise econômica que assola o país.

Entre os destaques desta terça-feira, se destacaram o Carmelitas, tradicional bloco em Santa Teresa, que dedicou seu samba à intolerância – enquanto o país vê a direita evangélica em uma cruzada contra métodos educativos e expressões artísticas consideradas ofensivas por fiéis.

“Oferta a sua alegria, irmão/Universal é o meu Carnaval/Mas veja só, quanta heresia/tanta igreja e só uma padaria”, diz o samba, em referência ao prefeito evangélico do Rio, Marcelo Crivella, que já foi bispo da Igreja Universal do Reino de Deus.

Não muito longe, na praia do Flamengo, cerca de 1.500 pessoas participaram de um bloco evangélico, Mocidade Dependente de Deus.

O samba “Favor alcançado” diz: “Vem com a gente se alegrar/ Jesus te ama, tua vida quer mudar”.

“Queremos que não só que o carnaval seja de alegria, queremos transmitir a alegria contínua de Jesus todos os dias”, explicou o pastor Paulo Roberto.

Depois de muita polêmica, o prefeito Crivella participou da cerimônia de entrega das chaves da cidade ao Rei Momo. O evento atrai 1,5 milhão de turistas ao Rio e calcula-se que gerará cerca de 1 bilhão de dólares à cidade – cujo estado está à beira da falência.

Mas o prefeito, que cortou as verbas do “maior show da Terra”, novamente desprezou os desfiles no Sambódromo e, como no ano passado, decidiu passar a festa popular na Europa.

Mesmo distante, ele foi um dos alvos preferidos dos 72 mil espectadores que foram à Sapucaí.

A Mangueira, com seu enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”, trouxe em um dos carros alegóricos um boneco de Crivella como Judas, e provocou com uma placa: “Pecado é não brincar o Carnaval”.

Outras escolas de samba criticaram a corrupção e as reformas do presidente Michel Temer, representado, no desfile da Paraíso do Tuiuti, como um “vampiro neoliberalista”.