O secretário de Estado americano, Antony Blinken, reuniu-se com autoridades egípcias nesta segunda-feira (30), no Cairo, com as quais abordou os esforços em curso para conseguir uma “desescalada” das tensões entre israelenses e palestinos com autoridades egípcias no Cairo nesta segunda-feira (30), antes de seguir para Jerusalém e Ramallah.

A visita de Blinken ao Oriente Médio já vinha sendo planejada há algum tempo, mas ganhou um novo rumo com a recente escalada de violência na região.

“Pedimos a todas as partes que se acalmem e diminuam as tensões”, disse Blinken no Cairo, durante uma coletiva de imprensa com o ministro egípcio das Relações Exteriores, Sameh Shukri, que se manifestou por uma “solução justa” para o conflito entre israelenses e palestinos.

O Egito é um mediador histórico nesse conflito. Primeiro país árabe a assinar a paz com Israel em 1979, e vizinho da Faixa de Gaza, sob bloqueio israelense há mais de 15 anos, o Egito recebe tanto os chefes de governo israelenses quanto os líderes dos diferentes partidos palestinos.

A presidência egípcia garantiu, nesta segunda-feira, que o Cairo “tem feito esforços, nos últimos dias, para tentar controlar o aumento das tensões” na região.

– Temores de uma violência fora de controle –

Nos últimos dias, a situação entre palestinos e israelenses se agravou, significativamente, com atentados, tiroteios, ataques aéreos e medidas punitivas, deixando mortos em ambos os lados.

Após os recentes ataques a Israel, o governo de Benjamin Netanyahu anunciou um pacote de medidas para punir os familiares dos autores desses atos.

As forças israelenses isolaram a casa da família de um palestino que matou sete pessoas na sexta-feira (27), em frente a uma sinagoga em Jerusalém Oriental, a parte palestina da Cidade Santa ocupada por Israel, e planejam destruir a casa.

Este ataque ocorreu um dia depois de um incursão israelense ao acampamento de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, no qual dez palestinos morreram. Em resposta, houve lançamento de foguetes da Faixa de Gaza para o território israelense. Logo depois, o Exército do Estado Hebreu começou a bombardear o enclave palestino.

No sábado (28), um palestino feriu dois israelenses em Jerusalém Oriental e, no domingo, seguranças israelenses mataram um palestino na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967. E, na segunda-feira, forças israelenses mataram um palestino em Hebron, no sul da Cisjordânia.

Hoje, Blinken deve reiterar seu pedido de moderação em um encontro com Netanyahu e, depois, do mesmo modo, com o presidente palestino, Mahmud Abbas.

– Expectativas limitadas –

Blinken disse ao canal saudita Al-Arabiya que quer “conversar com o governo israelense e com os líderes da Autoridade Palestina”.

“Quero ouvir o que as pessoas que são afetadas diariamente (pelo conflito) têm a dizer”, afirmou.

Embora Estados Unidos e Egito sejam importantes atores diplomáticos, especialistas avaliam que o espaço de manobra do secretário de Estado americano é limitado.

Washington condenou o “atroz” ataque em Jerusalém Oriental e instou Netanyahu e Abbas a “tomarem medidas urgentes para reduzir a tensão”, segundo o Departamento de Estado. Em privado, porém, as autoridades americanas não escondem sua frustração com a escalada e com o impasse no conflito entre israelenses e palestinos.

Ainda que se espere pouco avanço na frente da desescalada, analistas afirmam que Washington está tentando retomar contatos com Netanyahu. Várias autoridades americanas estiveram em Jerusalém, recentemente, e alguns especialistas falam de uma possível visita de Netanyahu à Casa Branca em fevereiro.