O secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu aos países do Sudeste Asiático nesta sexta-feira (14), em Jacarta, que se unam frente à “coação” da China na região Ásia-Pacífico, objeto de tensões entre Washington e Pequim.

Blinken discursou para os ministros das Relações Exteriores no âmbito dos fóruns organizados pela Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) esta semana na capital indonésia, dos quais também participam países convidados como Estados Unidos, China e Rússia.

“Devemos defender a liberdade de navegação no Mar da China Meridional e Oriental e manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”, disse Blinken.

Com os países da Asean, “compartilhamos a visão de um Indo-Pacífico livre, aberto, próspero, seguro, conectado e resistente”, acrescentou.

“Uma região onde os países são livres para escolher seus próprios caminhos e seus próprios parceiros, onde os problemas são tratados abertamente, e não sob coação”, disse ele em uma alusão velada à China.

O atrito está se intensificando entre a China e alguns membros da Asean, em particular Vietnã e Filipinas, incomodados com as reivindicações de soberania por parte de Pequim sobre quase todo o Mar da China Meridional.

As tensões são ainda mais significativas em relação a Taiwan, um território de governo democrático considerado por Pequim como uma província que, cedo ou tarde, será recuperará – e à força, se necessário.

– “Campo de batalha” –

“O Indo-Pacífico não deve ser um novo campo de batalha”, disse o ministro das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi.

Blinken se reuniu na quinta-feira com o diplomata chinês Wang Yi, diretor do Escritório da Comissão de Relações Exteriores do Comitê Central do Partido Comunista da China, à margem das negociações da Asean na quinta-feira. No encontro, disse a ele que Washington reagirá ao recente ciberataque ao governo dos EUA atribuído à China.

Wang pediu aos EUA, por sua vez, que “trabalhar com a China” e pôr fim a qualquer “interferência” nos assuntos do país, de acordo com um resumo de sua reunião com Blinken divulgado por Pequim nesta sexta-feira.

Enquanto isso, Blinken e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, estiveram na mesma sala pela primeira vez desde uma breve reunião em março, na Índia. Não houve encontros bilaterais, e eles evitaram se encontrar.

Os Estados Unidos e seus aliados ocidentais estão aumentando seu apoio militar à Ucrânia em meio à invasão russa e tentando fazer outros países ao redor do mundo condenarem Moscou.

Em entrevista esta semana à imprensa indonésia, Lavrov disse que a guerra na Ucrânia terminará apenas quando os países ocidentais desistirem de seus esforços de “vencer” a Rússia.

As discussões dos ministros das Relações Exteriores da Asean no início desta semana foram dominadas pela crise em Mianmar. De volta ao poder desde o golpe de 2021, a junta militar não foi convidada para Jacarta.

Blinken também pediu nesta sexta que se “pressione” a junta para permitir o retorno de um governo democrático.

– Contra agressão norte-coreana –

Também nesta sexta, Blinken prometeu que Washington e seus aliados se defenderão de qualquer “agressão” da Coreia do Norte.

“Estamos resolutamente unidos em uma defesa comum e vamos garantir que estamos fazendo todo o possível para impedir e nos defender de qualquer agressão”, afirmou, durante uma reunião com os chanceleres do Japão e da Coreia do Sul.

O diplomata americano se reuniu com ambos à margem de um encontro de ministros das Relações Exteriores da Asean. Os três condenaram o que Blinken chamou de “provocações” de Pyongyang.

“O que a Coreia do Norte está fazendo é completamente contrário às expectativas da comunidade internacional”, disse o ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Park Jin.

Na quarta-feira, a Coreia do Norte lançou um míssil de combustível sólido que sobrevoou 1.001 quilômetros a uma altura máxima de 6.648 km e caiu no Mar do Leste, também conhecido como Mar do Japão.

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