Antony Blinken, nomeado secretário de Estado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou nesta terça-feira (19) o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de “ditador brutal” e disse que apoiava a continuação do reconhecimento do líder da oposição Juan Guaidó como autoridade legítima do país sul-americano.

Durante a audiência de confirmação da nomeação na Comissão de Relações Exteriores do Senado, Blinken foi questionado sobre a situação venezuelana pelo senador republicano da Flórida Marco Rubio, considerado um dos arquitetos da política do governo em fim de mandato de Donald Trump para a Venezuela.

“É sua visão que nossa posição em relação à Venezuela deve mudar em essência, que não devemos mais reconhecer Juan Guaidó e entrar em negociações com Maduro?”, questionou Rubio. “Não, não é”, respondeu Blinken.

O indicado de Biden para liderar a diplomacia dos Estados Unidos disse “concordar fortemente” com Rubio em uma série de medidas tomadas por Washington em relação a Caracas. Entre elas, citou o reconhecimento de Guaidó como presidente interino da Venezuela, bem como a Assembleia Nacional eleita em 2015 como a única instituição eleita democraticamente no país.

Blinken também afirmou concordar com a busca por “aumentar a pressão sobre o regime liderado por um ditador brutal, Maduro, bem como tentar trabalhar com alguns de nossos aliados e parceiros”.

“A parte difícil é que, apesar de todos esses esforços, que apoio, obviamente não conseguimos os resultados de que precisamos”, disse Blinken.

O governo Trump aumentou as sanções econômicas e a pressão diplomática contra Caracas em janeiro de 2019, quando Maduro assumiu um segundo mandato após eleições consideradas fraudulentas por grande parte da comunidade internacional.

Mas apesar da forte campanha de Washington para expulsar Maduro, o herdeiro de Hugo Chavez permaneceu no poder com o apoio dos militares, assim como da Rússia, China, Cuba e recentemente do Irã.

“Uma das coisas que eu realmente gostaria de fazer se for confirmado (no cargo) é vir e falar com você e outros neste comitê, porque precisamos de uma política eficaz que possa restaurar a democracia na Venezuela, começando com eleições livres e justas”, afirmou Blinken a Rubio.

Entre os aspectos “a considerar”, Blinken destacou “uma melhor coordenação de cooperação com países com ideias semelhantes” e uma abordagem “mais eficaz” das sanções “para que os facilitadores do regime realmente sintam a dor”.

“E, certamente, acho que há mais que devemos tentar fazer em termos de assistência internacional, dado o tremendo sofrimento do povo venezuelano, além de ajudar alguns dos países vizinhos que têm sofrido com os refugiados da Venezuela”, acrescentou.

Além da crise política, a Venezuela, que já foi uma potência do petróleo, vive um desastre econômico que se agravou desde que Maduro chegou ao poder em 2013, situação que levou à fuga de mais de 5,4 milhões de pessoas do país, segundo a ONU.