Na sexta-feira, um único bitcoin, a moeda digital mais famosa do mundo, ultrapassou o valor de US$ 6 mil (ou cerca de R$ 19 mil), valorização de 137% desde o primeiro dia de outubro. Esse desempenho, apesar de impressionante, não é novidade para o ativo, que sobe sem parar há cerca de 1 ano e meio. Não é por acaso que a “criptomoeda” tem chamado tanto a atenção dos investidores. Mas, afinal, vale a pena colocar dinheiro em bitcoin?

A reportagem conversou com especialistas e empresários do mercado financeiro, de entusiastas da moeda tecnológica aos mais conservadores. E, de uma forma geral, a recomendação dada aos investidores é de terem cautela. Apesar de reconhecerem a força do ativo, que já dispõe de valor de mercado de US$ 99,7 bilhões (mais que a companhia americana American Express, que vale US$ 82 bilhões na Dow Jones), a alta volatilidade assusta.

“O problema é a incerteza. O bitcoin ainda é arriscado. Para colocar R$ 50 e ver como é, tudo bem”, afirma o coordenador do Centro de Estudos de Finanças da FGV, Willian Eid. “Gosto de investir no que conheço e vejo perspectiva.”

Para Adilson Silva, sócio da consultoria financeira Mazars Cabrera, a falta de lastro em um ativo econômico é o principal problema. “Esse é um mercado que você não consegue avaliar economicamente a situação dele, para onde vai, então você pode perder ou ganhar muito dinheiro”, avalia.

Ressalvas à parte, o fato é que, embora seja complexo e oscilante, as corretoras estão de olho no bitcoin como um possível ativo a integrar suas carteiras de investimento. Membro do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-RJ), Gabriel Aleixo acredita que isso pode vir a acontecer já em 2018. “Vejo o mercado dando sinais de que está mais aberto para uma mudança nesse sentido, seja para utilização da moeda em si ou da tecnologia blockchain, que é o sistema por trás dela”, diz.

O blockchain é a tecnologia que permite autenticar transações na moeda virtual. A XP Investimentos, por exemplo, estuda formas de adaptar a tecnologia para transações do dia a dia, como explica João Paulo Oliveira, especialista da corretora no assunto. “O que o mercado observa é o uso dessa tecnologia, que oferece transações mais rápidas, baratas e seguras”, conta.

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Hoje o perfil dos interessados em ganhar dinheiro com a moeda são de investidores mais arrojados e experientes, que buscam diversificar a carteira, conta Rodrigo Batista, CEO do Mercado Bitcoin, plataforma para comprar e vender a moeda.

Equilíbrio

No longo prazo, alguns especialistas acreditam que a cotação do bitcoin deve se tornar mais estável e a moeda ainda manterá uma trajetória de alta. “Hoje, o bitcoin é uma moeda 100% especulativa. Mas ela deve passar por evolução natural, porque o mundo caminha para a economia digital”, comenta Adilson Silva, da Mazars.

Com o mercado global se voltando para plataformas digitais e se o bitcoin for regulamentado, é possível que a moeda deixe de ser especulativa e volte a ser usada principalmente para compra e venda, avalia.

Regulação

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que o bitcoin é um ativo sem lastro e as pessoas compram porque acreditam na valorização. “Isso é a típica bolha ou pirâmide que existe na economia há centenas de anos”, disse.

Em setembro, o banco central chinês disse que tornaria ilegal a moeda. Na ocasião, a cotação do bitcoin caiu mais de 10% no mercado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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