O bitcoin, que bateu nesta terça-feira (5) seu recorde, superando os 69.000 dólares (R$ 341.000), para depois cair 8%, a aproximadamente 7.000 dólares (R$ 34.637), é a mais famosa das criptomoedas, mas está cercada de mistério e de controvérsia.

Por volta das 20h55 GMT (17h55 de Brasília), a criptomoeda mais importante em termos de volume (cerca de 1,2 trilhão de dólares ou R$ 5,9 trilhões), era cotada a US$ 62.062 (R$ 307.095) a unidade.

– Criador misterioso

Mais de 15 anos depois de sua invenção, a autoria do bitcoin segue causando controvérsia.

Os princípios desta moeda virtual foram revelados em 31 de outubro de 2008 no “Livro Branco”, documento de nove páginas publicado sob a assinatura de Satoshi Nakamoto.

Nele, teoriza que “realizar pagamentos on-line diretamente de um terceiro para outro permitiria prescindir de uma instituição financeira”, e se libertar dos bancos centrais, tradicionalmente os únicos autorizados a emitir moeda.

Ao longo dos anos surgiram várias hipóteses sobre quem é Satoshi, mas o mistério perdura.

Craig Wright, um cientista da computação australiano que afirma desde 2016 ser o criador do bitcoin, está sendo julgado em Londres para determinar se é ou não o autor do livro.

– Escândalos sucessivos

Desde a sua criação, o bitcoin suscita críticas, especialmente por ser a moeda escolhida para pagamentos na dark web sem deixar rastro.

É acusada regularmente de servir para lavagem de dinheiro do crime ou para extorsões. A isso se soma a reputação de volatilidade do setor das criptomoedas, sacudido nos últimos anos pela queda de vários empresários de destaque e falências de grande repercussão.

Changpeng Zhao, que dirigia a maior plataforma de criptomoedas do mundo, Binance, renunciou e declarou-se culpado de violar as leis contra a lavagem de capitais nos Estados Unidos.

Sua maior rival, a FTX, quebrou no fim de 2023, e seu fundador, Sam Bankman-Fried, foi condenado por diversas acusações, entre elas fraude, conspiração e lavagem de dinheiro.

– Ganhar o respeito

Muitos investidores em bitcoin operam com fins especulativos, mas a criptomoeda recebeu alguns sinais de respeitabilidade nos últimos anos, embora às vezes com sucesso limitado.

No início de janeiro, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos aprovou um novo tipo de investimento, indexado ao bitcoin, que teoricamente permite a um público mais amplo investir indiretamente na criptomoeda sem ter que possui-la.

Esta decisão contribuiu para o aumento dos preços que levou ao novo máximo histórico desta terça-feira.

Em setembro de 2021, El Salvador se tornou o primeiro país do mundo a adotá-lo como uma de suas moedas correntes. Contudo, segundo uma pesquisa da Universidade Centro-Americana (UCA), 88% dos salvadorenhos não utilizaram a divisa digital em suas transações em 2023.

Alguns comerciantes também anunciaram que aceitariam o bitcoin como método de pagamento, como o magnata Elon Musk. No entanto, o diretor da Tesla acabou voltando atrás, argumentado que a produção de bitcoin ainda causava muito impacto ao meio ambiente.

– Funcionamento particular

O bitcoin se baseia na tecnologia blockchain, um registro virtual que permite armazenar e trocar informação de forma segura, fiável e inalterável. Cada transação é registrada em tempo real, em um registro infalsificável.

O bitcoin é criado, ou “minerado”, como recompensa quando computadores potentes, e, portanto, que consomem muita energia, resolvem problemas complexos. Os “mineradores” são os que contribuem para criar cadeias de blocos, validando transações.

Para evitar uma explosão descontrolada, Satoshi Nakamoto limitou a 21 milhões o número máximo de unidades de bitcoin que podem existir no mundo. Espera-se que eles sejam alcançados por volta do ano de 2140.

E a cada quatro anos, a recompensa dos “mineradores” de bitcoin se divide pela metade. O próximo “halving” vai acontecer em abril e vai desacelerar o ritmo de entrada de novos bitcoins no mercado, reduzindo sua disponibilidade potencial e aumentando seu valor.

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