Bispas lideram combate à violência sexual na Igreja da Inglaterra

A Igreja da Inglaterra, imersa em uma crise por vários casos de violência sexual, concluiu, nesta sexta-feira (14), seu sínodo geral, que mostrou que as bispas estão na vanguarda nesse tema, exigindo responsabilidades e regras mais estritas para proteger as vítimas.

A Igreja da Inglaterra, a instituição religiosa nacional, que tem como chefe o rei Charles III, se reuniu esta semana em um sínodo geral para discutir como responder aos casos de agressão sexual dentro da organização.

Mas esse órgão eleito, composto por quase 500 membros, descartou na terça-feira estabelecer um processo totalmente independente para tratar das denúncias.

“Perdemos o momento de dizer de maneira inequívoca às vítimas que escutamos suas preocupações”, lamentou a bispa Joanne Grenfell, encarregada da política de proteção dentro da Igreja da Inglaterra, que defende normas mais estritas.

Nos últimos meses, outra bispa, Helen-Ann Hartley, ficou conhecida por sua determinação na hora de pedir a renúncia do então líder da Igreja da Inglaterra, Justin Welby.

Questionado sobre sua gestão de um escândalo de violência física e sexual cometida contra 130 crianças e jovens por um advogado vinculado à instituição, Welby viu-se obrigado a deixar o cargo em janeiro.

As mulheres representam cerca de um terço dos 108 bispos da Igreja da Inglaterra, que nasceu da ruptura do rei Henrique VIII com Roma em 1534.

Para Jayne Ozanne, ex-membro do Sínodo e ativista LGBTQ+, a presença de mulheres no episcopado faz “uma diferença importante”.

“As mulheres bispos demonstram mais empatia pelas vítimas e estão cientes de como as estruturas de poder da Igreja da Inglaterra podem oprimir as pessoas”, disse ela à AFP.

A bispa Helen-Ann Hartley é uma das críticas mais veementes ao sucessor de Weby, Stephen Cottrell, que assumiu o cargo de líder temporário da Igreja da Inglaterra em 6 de janeiro.

Cottrell está sendo questionado por manter no cargo um padre que foi proibido pela instituição de ficar sozinho com crianças após vários casos de abuso sexual.

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