A filantropia é uma ação nobre que pode alterar para melhor a vida em sociedade. Diversas vezes, surgem talentos individuais, pessoas que possuem qualidades exuberantes, mas que carecem de recursos financeiros para poder colocar em prática suas ideias. Na outra ponta, está gente com dinheiro de sobra para financiar projetos que, literalmente, podem salvar vidas. Nesse sentido, os EUA são a nação em que esse tipo generosidade com os outros está mais enraizado. Segundo o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), o setor representa 2% do PIB norte-americano, que está acima de US$ 20 trilhões.

AUXÍLIO A Fundação Bill e Melinda Gates é a maior instituição filantrópica dos EUA (Crédito:Elaine Thompson)

Mas para se alcançar doações é necessário preencher uma série de requisitos exigidos pelos benfeitores. Há uma papelada sem fim e várias complicações. É uma burocracia excessiva que está com os dias contados. Com os recursos adquiridos depois da separação do magnata Jeff Bezos, em 2019, após 25 anos de casados, a escritora MacKenzie Scott, está mudando a atividade de filantropia nos EUA. Com fim do casamento, ela se tornou uma das pessoas mais ricas do mundo, com uma fortuna de US$ 60 bilhões (R$ 300 bilhões). E está doando esses recursos de maneira simples, sem exigir planos complexos, relatórios gigantes, ou definição prévia de custo e lucro.

“Esses documentos são exigidos por darem mais segurança ao doador”, afirma Priscila Pasqualin, sócia da área de filantropia da PLKC advogados. Ela diz que no Brasil, onde a filantropia atinge 0,14% do PIB, também há exigência documental de prestação de contas, mas isso vem mudando. “A relação pode ser baseada na transparência”. É o caso de MacKenzie. Ela doou à ONG Point Foundation uma quantia que foi considerada por Jorge Valencia, seu representante, como um “presente divino”. A Point Foundation é uma organização que ajuda jovens LGBTQIA+ que recebem auxilio para arcar com custos universitários.

Durante a pandemia, entidades que dependem da filantropia passaram por maus bocados, pois os doadores direcionaram os recursos para o combate ao vírus. Em doze meses, MacKenzie doou US$ 8,6 bilhões a instituições de caridade, a maior quantia da história da filantropia. Enquanto a Fundação Bill e Melinda Gates, maior instituição dos EUA com essa finalidade, distribuiu “apenas” US$ 5,8 bilhões em 2020. Quando decidiu gastar seu dinheiro com quem mais precisa, MacKenzie adotou o lema: “semear concedendo”, e é o que vem fazendo.