Prepare o tênis, escolha uma roupa confortável. Separe uma mala de rodinhas se estiver nos seus planos, e no seu orçamento, atualizar a lista de leitura. Começa neste sábado, 2, a Bienal do Livro de São Paulo – e Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro, sugere ainda que quem for à feira no Expo Center Norte vá sem pressa. “Não dá para só dar uma passadinha”, diz.

São 65 mil m², 182 expositores, 3 milhões de exemplares à venda, 9 espaços oficiais para debates e encontros, mais de 300 escritores convidados e 1.500 horas de programação.

Há mais de 50 anos, a Bienal é um passeio para toda a família, e ela tem sido ponto de encontro de jovens leitores e porta de entrada de muitas crianças para o mundo da leitura. Este ano, aliás, 25.520 alunos da rede municipal ganharam vales de R$ 60 para a compra de livros na feira (66.498 mil professores também).

Ou seja, quem visitar o evento até domingo, 10, vai ter o que ver, ouvir e comprar. São esperadas 600 mil pessoas.

A Bienal é, também, uma grande vitrine para o mercado editorial, que passou os últimos anos – de pandemia e, antes, de recessão – tentando equilibrar as contas e dar visibilidade aos lançamentos. E é a oportunidade de encontrar pessoalmente os leitores com quem dialogam sobretudo nas redes sociais.

“Muita coisa aconteceu nesses dois anos sem Bienal (a de 2020 foi cancelada), alguns autores não chegaram sequer a ter um lançamento presencial. Sabemos que tem muita gente na expectativa desses encontros: tanto autores quanto leitores. E queremos que esse momento seja especial”, comenta Lilia Zambon, gerente de Marketing da Companhia das Letras. O grupo editorial, que adquiriu recentemente a Brinque-Book e a JBC, vai separar seu estande em três este ano – para adultos, crianças e, pela primeira vez, para os jovens aproveitando o aniversário de 10 anos da Seguinte.

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Segundo Bruno Zolotar, diretor comercial e de marketing da Rocco, 70% dos livros no estande da editora de Harry Potter e Jogos Vorazes são destinados aos adolescentes e jovens adultos (YA). Clarice Lispector, a grande escritora da casa carioca, Clarissa Pinkola Estes, autora do clássico best-seller Mulheres Que Correm Com Lobos, e Margaret Atwood, porém, terão um espaço de destaque.

A expectativa é boa e Zolotar espera um crescimento de pelo menos 20% nas vendas em relação à última edição. Para além das vendas, ele acredita que a Bienal se tem tornado um espaço de interação com o público e de entretenimento, como é a Comic Con. “Por isso, por exemplo, teremos cosplays, área para os tiktokers produzirem vídeos e áreas cenográficas para Instagram.”

No caso da Rocco, esse espaço instagramável é dedicado à divulgação de Entrevista com o Vampiro, livro de Anne Rice publicado em 1976 que inspirou uma série que vai estrear ainda este ano.

As editoras estão apostando mesmo na cenografia dos estandes. A Companhia das Letrinhas reproduziu a banheira do Pum, o cachorrinho da série best-seller de Blandina Franco e José Carlos Lollo. Já a Record leva uma réplica da famosa estátua de Carlos Drummond de Andrade, de Copacabana, para celebrar a volta do autor ao seu catálogo e os lançamentos infantojuvenis do escritor. E as crianças que passarem por lá poderão tirar foto da cadeira que remete a Roald Dahl, criador de Matilda, que também chega ao catálogo da editora.

A maioria das editoras prevê descontos e brindes. Na Rocco, eles são progressivos, quem gastar mais de R$ 100 ganha um brinde e quem comprar Mulheres Que Correm Com Lobos ganha uma bolsa. A Companhia das Letras também promete algumas “ações especiais”. Na Planeta, o preço médio será cerca de 20% abaixo do preço de capa.

LIVRARIAS

A Planeta, aliás, é um caso interessante de editora que participa com estande, mas não vende diretamente ao leitor – nem fora nem dentro da feira. “Entendemos que a venda é uma especialidade da livraria e, como temos cada vez menos livrarias, preservar as que estão aí é uma questão de sobrevivência para a cadeia do livro”, explica Gerson Ramos, diretor comercial da Planeta, que contratou a Vila para fazer suas vendas.

Ramos concorda que o grande público da Bienal é, hoje, o leitor que tem entre 16 e 30 anos – mas cujo interesse não se resume a livros da moda. “Um público ávido por conhecimento que tem movimentado as livrarias”, ele diz – e que descobriu o selo Paidós e seus livros de ciências humanas.

A Bienal vai durar 9 dias, mas a ideia é que ela seja apenas o início de um movimento que continuará nas livrarias. Nesse sentido, a maior novidade desta edição é o espaço de 300 m² idealizado por um coletivo de livreiros.

Na Grande Livraria serão vendidas obras das editoras e autores participantes, mas também das que não foram este ano, como a 34. Quem optar por comprar ali vai ganhar um vaucher para usar depois em qualquer uma das lojas participantes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.



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