Seis dias após tomar posse na Presidência dos EUA, o democrata Joe Biden cumpriu o protocolo, perfeitamente dentro do prazo, e conversou por telefone com o líder russo, Vladimir Putin, na terça-feira 26. A conversa foi amistosa e o tema tratado já constava na agenda de ambos: a extensão de vigência do Novo Start — o tratado que limita a fabricação de armamentos nucleares nos dois países, o acordo vence na sexta-feira 5, mas agora será válido até 2026. “Os presidentes demonstraram satisfação pela conversa diplomática sobre armas estratégicas ofensivas”, publicou o Kremlin em nota oficial. Pelo tratado, EUA e Rússia poderão ter, cada um, no máximo mil e quinhentas armas atômicas instaladas. O tom da conversa perdeu a amistosidade quando Biden tocou no assunto da hipótese de o governo russo ter ordenado o envenenamento do opositor político Alexei Navalny. Biden deixou claro que esse fato o preocupa e que os EUA estarão acompanhando todos os desdobramentos. Navalny está preso em Moscou há mais de uma semana.

Lição de democracia

Também na semana passada, Joe Biden deu apoio político ao movimento contra o racismo institucionalizado nos EUA. Assinou decretos que banem a discriminação racial nas questões de habitação e colocam fim à aberração social que são os presídios federais privados. A declaração de Biden é uma aula de democracia para o mundo: “A hora de agir é agora, não apenas porque é a coisa certa a fazer, mas porque, se o fizermos, ficaremos todos melhores”.

DITADURA MILITAR
O depoimento inédito (e forjado) sobre Nara Leão

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Que Nara Leão (faleceu em 1989) foi muita mais que um lindo par de joelhos que despontou nos festivais de MPB, nos anos 1960, isso já é sabido — a doçura de sua voz virava rugido de fera nos protestos contra a ditadura militar. Ditadura, aliás, que queria cultivar o mito dos joelhos para a esconder a inteligência da mulher. Mas há um fato inédito no livro “Ninguém pode com Nara Leão”, de autoria de Tom Cardoso. Revela que a repressão teria forjado um depoimento no Dops do compositor e cantor Roberto Menescal (amicíssimo de Nara desde os 11 anos de idade), no qual ele se queixara das “músicas subversivas cantadas por ela”. Menescal nega o depoimento. Nara, uma das melhores cantoras que o Brasil já teve, lutou por dez anos contra um tumor no cérebro. Morreu amiga de Menescau, que esteve ao seu lado até o último instante de vida.

PANDEMIA
MP pede a prisão de prefeito e secretária de Manaus

Sandro Pereira
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David Almeida (foto) é prefeito de Manaus, a capital onde pacientes de Covid morrem por falta de balões de oxigênio, e Shadia Fraxe (no detalhe) é a secretária de Saúde da cidade. O Ministério Público do Amazonas pediu a prisão preventiva de ambos como medida cautelar, enquanto são investigadas eventuais irregularidades nas aplicações da vacina. O Tribunal de Justiça declarou-se impedido de julgar a requisição do MP, alegando que a competência jurídica é da Justiça Federal. O MP recorreu dessa decisão. A acusação contra o prefeito e a secretária é de privilegiar e favorecer pessoas na tomada do imunizante. Até o início da tarde da quinta-feira 28, eles permaneciam em liberdade. A medida cautelar visa a impedi-los de interferirem nas investigações.

US$ 11 trilhões É quanto a economia mundial já perdeu, no curto prazo, com a pandemia. No longo prazo, o montante subirá para US$ 28 trilhões. Os dados foram publicados pela NBER e são dos economistas americanos Christopher Snyder e Michael Kremer

ATENTADO
Negra, travesti e soropositiva. Mais uma política do PSOL sofre ameaça de morte

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A covereadora do PSOL (mandato coletivo) Carolina Iara de Oliveira (foto), atuante na bancada feminista da Câmara em São Paulo, sofreu um atentado a tiros contra a sua casa. O fato ocorreu na madrugada da terça-feira 26. O boletim de ocorrência foi registrado na sede da Polícia Civil, e nele consta que há marcas de projeteis no muro do quintal e paredes da residência. Ela divide o mandato de vereadora com quatro mulheres. Carolina é negra, travesti e soropositiva para HIV. “A gente não pode permitir que São Paulo tenha uma Marielle Franco como tem o Rio de Janeiro”, diz a vereadora. No Rio, outras duas parlamentares do PSOL sofreram ameaças de morte.