O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresenta nesta quarta-feira (23) novas medidas com as quais pretende limitar a circulação de armas de fogo, em um momento de aumento da criminalidade no país.

As principais cidades do país registraram 24% mais homicídios no primeiro trimestre do ano do que no mesmo período de 2020, um dos anos mais mortais em um quarto de século. E os dados mostram que essa tendência não poupa nenhuma cidade: grande ou pequena, democrata ou republicana.

A análise das causas e da forma de enfrentar esse aumento é muito diferente dependendo do posicionamento político.

A oposição republicana insiste em que a deterioração se deve às reformas policiais adotadas – ou planejadas – por alguns municípios depois das grandes manifestações contra a violência policial e o racismo, embora o fato de quase todos os centros urbanos serem afetados pelo fenômeno enfraqueça esse argumento.

Para a Casa Branca, o debate sobre a reforma policial é importante e legítimo.

“Existem medidas que o presidente pode tomar para tentar reduzir o crime”, afirmou Jen Psaki, porta-voz de Biden.

“E uma parte importante desse esforço deve ser, segundo ele, as medidas de controle de venda e compra de armas de fogo”, acrescentou.

Porém, como o governo deve agir quando o Congresso, profundamente dividido sobre o assunto, se recusa a fazê-lo?

“Ele pode usar o peso da palavra presidencial e de outras fontes”, respondeu Psaki de forma evasiva e ciente da limitada margem de manobra do presidente.

No início de abril, Biden denunciou uma “epidemia” de violência armada nos Estados Unidos, referindo-se como sendo uma “vergonha internacional”.

Na ocasião, ele assinou seis decretos, embora de alcance limitado. Um deles tinha como objetivo combater a proliferação das “armas fantasmas”, que são feitas artesanalmente, muitas vezes com impressora 3D, e que não têm número de série.

– Luta contra o tráfico de armas –

O Departamento de Justiça anunciou na terça-feira a criação de cinco unidades de combate ao tráfico de armas, em Nova York, Chicago, Los Angeles, San Francisco e Washington, cidades que há um ano e meio têm registrado um aumento acentuado nos homicídios.

Essas unidades vão reunir promotores federais, policiais especializados e atores locais, que “vão investigar e desmantelar as redes criminosas que fazem chegar armas às nossas comunidades com trágicas consequências”, explicou o procurador-geral, Merrick Garland.

Os ásperos debates no Congresso sobre o controle de armas continuam, mas cinco meses após a chegada de Biden ao poder, os republicanos, que até agora têm buscado pontos fracos para atacar o governo, parecem determinados a pressionar por causa das assustadoras estatísticas de crimes.

Para o deputado Richard Hudson, da Carolina do Norte, o discurso de Biden não mudará nada.

“Os pedidos para cortar o financiamento da polícia levaram a um perigoso aumento do crime. A resposta do presidente Biden: proponha novas restrições às armas de fogo que afetam apenas os cidadãos que cumprem a lei”, escreveu no Twitter.

“Mais do que limitar as armas, precisamos apoiar nossos policiais”, acrescentou com a hashtag #BidenCrimeCrisis (crise do crime de Biden).

“Conceito básico que os democratas parecem não entender: os criminosos não respeitam as leis sobre armas”, afirmou seu colega Andy Biggs.