O presidente americano, Joe Biden, pediu ao Congresso dos Estados Unidos, nesta sexta-feira (20), mais de US$ 105 bilhões (cerca de R$ 530,6 bilhões, na cotação atual) para ajudar Israel, a Ucrânia, enfrentar a crise migratória e confrontar a China, mas a solicitação não foi bem-sucedida diante do caos na Câmara de Representantes.

O pedido chega um dia após o democrata associar o ataque do grupo islamista palestino Hamas à invasão russa na Ucrânia, liderada pelo presidente Vladimir Putin, afirmando que ambos pretendem “aniquilar” democracias.

Seu objetivo é tentar convencer os americanos de que os EUA devem continuar sendo “um farol” para o mundo e que se distanciar da Ucrânia e dar as costas para Israel “simplesmente não vale à pena”.

Para ele, as enormes quantias – US$ 61,4 bilhões (cerca de R$ 310 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia, dos quais US$ 30 bilhões (em torno de R$ 152 bilhões), em armas, e US$ 14 bilhões (aproximadamente R$ 71 bilhões), para Israel, sendo US$ 10,6 bilhões (quase R$ 54 bilhões), também para armamento – protegeriam os interesses americanos para as gerações futuras.

No entanto, sua solicitação chega em um momento em que a Câmara Baixa do Congresso dos EUA não consegue aprovar nem sequer um projeto de lei, já que os congressistas republicanos, que têm maioria, não chegaram a um acordo para eleger um presidente da Câmara de Representantes, após um grupo próximo ao ex-presidente Donald Trump ter destituído o anterior.

Nesta sexta-feira, a Câmara Baixa continua em um beco sem saída, com a terceira derrota em quatro dias do aliado de Trump, Jim Jordan.

“O mundo está observando e os americanos esperam, com razão, que seus líderes se unam e cumpram estas prioridades”, disse Shalanda Young, diretora do Departamento de Gestão e Orçamento da Casa Branca, em uma carta ao Congresso.

– “Jogos políticos” –

Em um comunicado, o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, prometeu uma ação rápida na Câmara Alta, controlada pelo Partido Democrata de Biden, e pediu que os republicanos se unam “para aprovar este financiamento tão necessário”.

Os conservadores também se negam a aumentar a ajuda militar à Ucrânia, embora defendam o apoio a Israel e exijam mais firmeza na questão migratória e contra a China.

O megapacote de ajuda de Biden reúne crises completamente díspares.

O democrata pede aos republicanos US$ 13,6 bilhões (R$ 69 bilhões) para reforçar a fronteira no México, administrar a migração irregular e lutar contra o tráfico de fentanil, substância fabricada, principalmente, por cartéis de droga mexicanos.

“Os republicanos do Congresso devem deixar de jogar os jogos políticos com a segurança fronteiriça”, afirmou um documento enviado ao Congresso.

Para o presidente americano, houve “avanços” com sua política de “vias legais” para a entrada de migrantes no país, como os vistos humanitários para reagrupamento familiar, o lançamento de um aplicativo para celular (CBP One) e os escritórios de gestão migratória na Colômbia, Costa Rica, Guatemala e futuramente Equador.

Mas “precisa de mais fundos”, frisou.

– Aumento de pessoal –

O montante seria destinado a enviar 1.300 agentes adicionais além dos 20.200 que já atuam na patrulha fronteiriça (e estão contemplados no orçamento do ano fiscal de 2024), tecnologia de última geração para ajudar a detectar fentanil nos postos de entrada, mais 1.000 policiais e outro 1.600 agentes de asilo.

“A expulsão acelerada” dos migrantes que não cumprem os requisitos para ficar no país “não é possível se os agentes de asilo” não puderem fazer entrevistas para avaliar se existe uma possibilidade de que sejam perseguidos ou torturados caso retornem a seu país, lembrou, nesta sexta-feira, o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS, na sigla em inglês), em um comunicado.

Além disso, Biden quer aumentar os juízes de imigração, elevar os subsídios para fornecer comida e abrigo aos migrantes e ampliar as “vias legais”.

Há meses, os republicanos reclamam que o presidente americano, candidato à reeleição em 2024, não faz o suficiente para frear a entrada de migrantes.

“O presidente Biden continua implementando uma estratégia migratória centrada na aplicação da lei, a dissuasão e a diplomacia”, replicou o DHS.

O pacote também inclui US$ 7 bilhões (em torno de R$ 36 bilhões) para combater a China e fortalecer os aliados na região Ásia-Pacífico, e mais de 9 bilhões (cerca de R$ 46 bilhões), para assistência humanitária a Gaza, Ucrânia e Israel.

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