O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou, nesta terça-feira (4), o fechamento temporário da fronteira com o México aos migrantes quando o número de entradas irregulares no país for excessivo, uma medida drástica sobre uma questão fundamental para conseguir a reeleição nas eleições presidenciais de novembro.

O líder democrata, de 81 anos, vai assinar um decreto para permitir que as autoridades suspendam a entrada de solicitantes de asilo e migrantes quando superar mais de 2.500 casos em um dia, informou a Casa Branca. O texto também facilitará as deportações para o México.

“Para Joe Biden, a segurança das famílias americanas deve estar sempre em primeiro lugar. É por isso que o presidente está anunciando novas ações executivas históricas para evitar que os migrantes que atravessam ilegalmente a nossa fronteira sul recebam asilo”, disse o porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates.

As autoridades observaram que se espera que as restrições entrem em vigor imediatamente, uma vez que serão implementadas quando as travessias de migrantes ilegais excederem 2.500 por dia, e os números já estão acima desse limite.

O texto oficial prevê a reabertura da fronteira quando o número de requerentes de asilo for inferior a 1.500 por dia.

“Esperamos que a ordem entre em vigor de imediato”, declarou a jornalistas um funcionário da administração Biden.

– A retórica de Trump –

Biden está tentando mudar sua política de imigração depois que pesquisas de opinião revelaram que esta questão terá muito peso para conseguir a reeleição contra o magnata e ex-presidente republicano Donald Trump (2017-2021).

A equipe de campanha de Trump rejeitou a iniciativa em um comunicado, considerando que não se destina “à segurança das fronteiras”, e reforçou a mensagem do republicano de que os imigrantes irregulares são responsáveis pelo aumento dos crimes violentos nos Estados Unidos, acusação sem base em dados oficiais.

O magnata passou seu mandato anunciando a intenção de construir um muro na fronteira com o México e intensificou sua retórica anti-imigração para retornar à Casa Branca.

“Milhões de pessoas entraram no nosso país e agora, depois de quase quatro anos da sua liderança fraca e falha, da sua liderança patética, o corrupto Joe Biden pretende finalmente fazer algo em relação à fronteira”, exclamou Trump, de 77 anos, em um vídeo publicado nesta terça-feira em sua plataforma, a Truth Social.

O presidente da Câmara de Representantes, Mike Johnson, um aliado de Trump, rapidamente classificou a medida de Biden como “enfeite de vitrine”.

A Casa Branca, por sua vez, destacou que Biden está a tentar resolver um sistema de imigração que “falhou durante décadas” e culpa os republicanos no Congresso por não cooperarem e bloquearem milhares de milhões de dólares para políticas fronteiriças

Mas a Casa Branca diz que Biden tenta resolver um sistema de imigração “quebrado há décadas” e culpa os republicanos no Congresso por não cooperarem e bloquearem bilhões de dólares para políticas fronteiriças.

– Reeleição na mira –

Biden pretende desarmar os ataques republicanos e cortejar eleitores indecisos preocupados com a situação migratória na fronteira.

Porém, seu plano certamente irritará membros e militantes da ala esquerda do Partido Democrata e é quase certo que será impugnado na Justiça por grupos de direitos civis.

Mais de 2,4 milhões de migrantes cruzaram a fronteira sul dos Estados Unidos apenas em 2023. A maior parte é proveniente da América Central e Venezuela e foge da pobreza, violência e desastres naturais intensificados pela mudança climática.

O número alcançou um recorde de 10.000 pessoas por dia em dezembro, embora este número tenha reduzido nos últimos meses.

A administração Biden tentou impedir as travessias trabalhando em coordenação com o México e outros países para reduzir os fluxos migratórios por meio de políticas econômicas e da aplicação de leis mais restritivas, mas as pesquisas revelam que para os eleitores isso não foi suficiente.

Biden conversou na segunda-feira com Claudia Sheinbaum, a primeira mulher eleita presidente do México, para parabenizá-la por sua vitória contundente no domingo e prometer uma “parceria forte e colaborativa” em questões como a migração.

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