Ansioso para demonstrar a liderança global dos Estados Unidos, o presidente Joe Biden será anfitrião de outra grande cúpula, na qual receberá não apenas aliados, mas também o seu homólogo chinês, Xi Jinping.

Biden receberá em San Francisco, na costa oeste, os outros 20 países-membros do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), concebido há três décadas, quando a abordagem americana era de que um intercâmbio comercial robusto aproximaria ainda mais as economias do Pacífico.

Essa visão agora faz parte do passado.

O governo Biden pressiona a APEC para um pacto econômico limitado e, nos últimos meses, intensificou as sanções contra a China, vista como o principal desafio à primazia global dos EUA.

Mas ambas as nações dizem ter esperança de alcançar maior estabilidade e, com as eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2024 e a improbabilidade de uma visita a Washington, a cúpula da APEC surge como uma oportunidade única para Xi reunir-se com Biden em solo americano.

Ambos os líderes deverão reunir-se na quarta-feira (a primeira vez desde novembro do ano passado, na cúpula do G20 em Bali) para discutir alguns temas latentes, como Taiwan, que dentro de dois meses realizará eleições nas quais Washington teme a interferência de Pequim, que reivindica a soberania desta ilha democrática autogovernada.

– Tensões latino-americanas –

Para outros líderes presentes em San Francisco, a APEC corre o risco de ser “um prato secundário” à margem de Biden e Xi, mas também é provável que fiquem aliviados com esta reunião, disse Jude Blanchette, especialista em China do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

“Inclusive os países da região, que estão extraordinariamente preocupados com a crescente agressividade da China, continuam tendo profundas inter-relações econômicas com a China e, na margem, prefeririam enormemente uma relação estável entre os EUA e a China a uma relação instável”, afirmou.

Do lado latino-americano, depois de idas e vindas sobre sua participação, em parte pelo confronto diplomático que mantém com o governo peruano, o mexicano Andrés Manuel López Obrador confirmou sua presença e é esperado quinta-feira em San Francisco.

López Obrador recusou-se a reconhecer como presidente do Peru Dina Boluarte, sucessora de Pedro Castillo, que foi preso em dezembro passado depois de anunciar que dissolveria o Parlamento e governaria por decreto quando estava prestes a enfrentar um julgamento de impeachment.

Apesar das tensões, Boluarte deve chegar na terça-feira a San Francisco, onde também é esperado o presidente chileno, Gabriel Boric.

De última hora, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, cujo país pretende ser incorporado ao fórum, foi convidado como observador.

“Agora nos reuniremos com os EUA, a China e outros países da América e da Ásia na Califórnia para inscrever a Colômbia nas economias do Pacífico, a região econômica mais importante do mundo”, escreveu Petro neste domingo na rede social X.

Nenhum dos governos divulgou a sua agenda em San Francisco, onde chegam duas semanas depois de participarem na Aliança para a Prosperidade Econômica nas Américas (APEP), organizada por Washington em uma tentativa de fortalecer as alianças comerciais na região.

Quem não é esperado na reunião é o presidente russo, Vladimir Putin, alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI). Moscou será representada pelo vice-primeiro-ministro, Alexei Overchuk, o russo de mais alto escalão recebido pelos Estados Unidos desde a invasão da Ucrânia.

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