O presidente Joe Biden, 81, arrisca a sua sobrevivência política a cada aparição pública, mas a coletiva de imprensa que dará nesta quinta-feira (11) pode ser decisiva para a sua candidatura à reeleição nas eleições de novembro.

A Casa Branca não deu detalhes sobre a entrevista, em que devem ser abordados o estado de saúde e a agilidade mental do democrata, depois do seu desempenho calamitoso no debate de junho contra o republicano Donald Trump.

A coletiva atrasou e vai acontecer às 18h30 locais (19h30 de Brasília), no centro de conferências que recebe a reunião de cúpula da Otan em Washington nesta semana.

Um passo errado pode selar o seu destino. Biden terá que falar com voz clara e confiante, sem anotações ou teleprompter. A maneira como responderá será tão importante quanto o conteúdo.

Biden lida com a gagueira desde criança. Nunca foi um orador brilhante, e o improviso não é seu ponto forte. Mas ele terá que se mostrar capaz de enfrentar Trump nas urnas.

A poucas semanas da convenção em que o candidato do partido será nomeado (de 19 a 22 de agosto, em Chicago), muitos democratas duvidam que o presidente possa se manter na disputa.

“Nem a entrevista desta noite nem a de segunda-feira, na NBC, vão proporcionar ao presidente a salvação política que ele busca”, opinou o congressista Ritchie Torres.

Segundo o jornal New York Times, a equipe de campanha de Biden e sua vice-presidente e companheira de chapa, Kamala Harris, sondaram discretamente as chances de esta última derrotar Donald Trump. Mas Kamala tem se mantido leal a Biden.

O presidente democrata já participou de 36 entrevistas coletivas desde que foi eleito, segundo a pesquisadora Martha Joynt Kumar, citada pela plataforma Axios. Entre os seus seis antecessores, apenas o republicano Ronald Reagan participou de menos.

– Erros notáveis –

Nos últimos meses, Biden cometeu erros notáveis, como em fevereiro, quando mencionou o ex-presidente francês François Mitterrand, falecido em 1996, em vez de Emmanuel Macron, e o também falecido Helmut Kohl em vez da ex-chanceler alemã Angela Merkel.

Nesta quinta-feira, ele não pode cometer erros como estes, já que está sob forte pressão do seu Partido Democrata, e inclusive de estrelas de cinema como George Clooney, para que desista da disputa.

Uma pesquisa Ipsos publicada nesta quinta-feira pelo Washington Post e pela ABC não mostra queda nas intenções de voto a nível nacional desde o debate: Joe Biden e Donald Trump estão empatados com 46% cada. Mas 67% dos entrevistados acreditam que Biden deveria retirar sua candidatura. Entre os eleitores democratas, 56% pensam assim.

Uma dezena de congressistas democratas da Câmara dos Representantes e um senador pediram abertamente a Biden que desista da corrida à Casa Branca. Muitos temem que Biden os arraste para um fracasso nas eleições legislativas, que acontecem simultaneamente às presidenciais.

aue/eml/erl/db/aa-lb