Favorito para conquistar a indicação do Partido Democrata nos Estados Unidos, Joe Biden enfrenta, em um debate nesta quinta-feira (12), seus concorrentes mais firmes – Elizabeth Warren e Bernie Sanders -, um encontro muito esperado após uma série de tropeços do vice-presidente.

Neste encontro em Houston, no Texas, haverá apenas dez candidatos. É bem menos do que o número de participantes do segundo debate nacional, que precisou ser realizado em dois dias. Embora o número tenha se reduzido, continua havendo 20 pré-candidatos nas primárias, mas nem todos se classificaram para este novo debate.

O choque de pré-candidatos à Presidência chega no momento em que o debate político nos Estados Unidos se vê abalado por uma série de tiroteios, entre eles as tragédias de El Paso e de Dayton. Esta semana, Biden, Warren, Sanders e outros cinco candidatos se uniram, em um vídeo, para pedir um maior controle das armas.

Se, no debate anterior, a reforma do sistema de saúde americano foi o grande tema, com o retorno do Congresso às suas atividades pós-recesso, a questão das armas se antecipa como o eixo central das discussões.

Nesta maratona televisiva de três horas que começará às 23h GMT de quinta-feira (20h em Brasília), Biden estará no centro, como um símbolo das diferentes correntes dentro do partido que sonha com a vitória sobre o presidente em busca da reeleição, o republicano Donald Trump.

A seu lado, estarão Warren e Sanders, que seguem Biden nas pesquisas, com posturas apoiadas em uma agenda mais progressista.

Com 29,8% das preferências, Biden parece confortável nas sondagens, mas, a cinco meses das primeiras primárias – em 3 de fevereiro em Iowa -, tudo ainda pode mudar.

No debate anterior, Sanders e Warren mantiveram uma distância segura, evitando o confronto. Agora que a senadora está em segundo lugar nas pesquisas, com 18%, é possível que adote uma estratégia ofensiva para consolidar sua posição.

Com 17,7%, Sanders se define como socialista e é a favor de um maior papel do Estado na economia. Defende reformas como uma cobertura universal de saúde e o cancelamento da dívida universitária, enquanto Warren concentra sua campanha na defesa dos cidadãos contra os grandes monopólios. A senadora quer mais regulação contra os excessos de Wall Street.

No portal de sua campanha, esta ex-professora de Direito de Harvard se define como uma pessoa a favor do cumprimento das promessas do sonho americano.

“Se Warren conseguir outro bom debate e se continuar ganhando nas pesquisas (…) podemos ter uma corrida relativamente clara entre ela e Biden”, escreveu no site FiveThirtyEight.com o especialista em estatística e em campanhas Nate Silver.

“Mas, provavelmente, a realidade vai ser muito mais caótica”, advertiu.

– Dúvidas sobre Biden –

Biden enfrenta este debate com a imagem arranhada por suma série de lapsos que levantaram dúvidas sobre sua capacidade para ser presidente, depois de completar 76 anos.

Com 35 anos de atuação no Congresso e dois mandatos como vice-presidente de Barack Obama (2009-2017), o veterano senador tentou minimizar a polêmica, admitindo que é uma “máquina de gafes”, mas que isso é algo maravilhoso em “comparação com um cara que não diz a verdade” – uma alusão a Trump.

Outro de seus grandes trunfos é que se apresenta como o candidato com mais experiência e com mais chances de derrotar Trump, um argumento que seduz muitos eleitores democratas.

Segundo uma pesquisa divulgada na terça-feira (10) pela emissora de televisão Univisión, 22% dos hispânicos apoiam Biden, enquanto 20% optam por Sanders, um percentual que se manteve estável desde antes dos debates.

O evento de quinta-feira também marcará a primeira vez que as duas candidatas mais fortes, Warren e Kamala Harris (com 7%), estarão no mesmo espaço.

Harris é seguida do jovem prefeito de South Bend, Pete Buttigieg, com 4,3% das preferências. Depois, aparecem o empresário Andrew Yang, com 2,7%, e o senador Cory Booker, com 2,5%.

Na lanterna, estão o ex-representante do Texas no Congresso Beto O’Rourke (2,3%), a senadora Amy Klobuchar (1%) e o ex-secretário da Habitação no governo Obama, Julian Castro (0,8%).

Silver tem uma previsão sombria para os candidatos estacionados nos últimos lugares: “A menos que deem a volta por cima logo, provavelmente estarão acabados”.