Os líderes do Reino Unido e dos Estados Unidos se reúnem em Washington nesta sexta-feira (13) para decidir se permitem que Kiev dispare mísseis de longo alcance fornecidos pelo Ocidente contra a Rússia, uma opção que aumentou as tensões com Moscou.

A visita do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, ao presidente americano, Joe Biden, ocorre no momento em que Kiev pressiona para obter a permissão e a Rússia alerta que dar sinal verde à Ucrânia significaria que a Otan está “em guerra” com Moscou.

A reunião entre Starmer e Biden no Salão Oval da Casa Branca está prevista para as 17h30 (horário de Brasília).

Em um sinal de tensões crescentes, o serviço de segurança russo FSB anunciou, nesta sexta-feira, que seis diplomatas britânicos tiveram seu credenciamento retirado e foram acusados de espionagem.

A imprensa britânica informou que Biden, que teme provocar um conflito nuclear, estaria disposto a permitir que a Ucrânia implantasse mísseis britânicos e franceses usando tecnologia americana, mas não mísseis de fabricação americana.

A Casa Branca minimizou as chances de uma decisão imediata derivada de seu encontro com Starmer, que realiza sua segunda viagem a Washington desde que assumiu o cargo em julho.

“Eu não esperaria nenhum anúncio importante neste sentido como resultado dos diálogos, certamente não de nossa parte”, disse à imprensa o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.

Ele afirmou, ainda, que “não houve mudanças na nossa política a respeito da capacidade de um ataque de longo alcance na Rússia”, acrescentando que “não esperaria que isso mudasse hoje”.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que o aviso do presidente Vladimir Putin é claro: “Não temos dúvidas de que esta declaração chegou aos seus destinatários”.

O embaixador da Rússia na ONU reafirmou as declarações de Putin e alertou que a autorização para que Kiev utilize mísseis de longo alcance significaria envolver a Otan “em uma guerra direta” contra uma “potência nuclear”.

“Esta possível evolução muda fundamentalmente a nossa relação com o Ocidente”, declarou Vasili Nebenzia em uma reunião do Conselho de Segurança.

“Isto significará que a partir desse momento os países da Otan travarão uma guerra direta contra a Rússia. Neste caso, como compreenderão, teremos de tomar as decisões apropriadas, com todas as consequências que possam implicar para os agressores ocidentais”, alertou.

– “Plano de vitória” –

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse nesta sexta-feira que se reunirá com Biden “este mês” para apresentar seu “plano de vitória” para acabar com a guerra com a Rússia.

Ele também observou que a recente ofensiva de Kiev na região fronteiriça de Kursk “freou” o avanço de Moscou no leste da Ucrânia, mas acusou o Ocidente de ter muito “medo” para sequer levantar a possibilidade de derrubar mísseis russos e drones iranianos, apesar de ajudar Israel a fazê-lo.

O chefe do governo alemão, Olaf Scholz, afirmou nesta sexta-feira que seu país não entregará armas de longo alcance à Ucrânia.

A Alemanha, o maior contribuinte europeu de ajuda financeira e militar a Kiev, “tomou uma decisão clara sobre o que fazemos e o que não fazemos. Esta decisão não vai mudar”, declarou a chanceler social-democrata durante uma coletiva de imprensa em Berlim.

As negociações em Washington ocorrem no momento em que Biden está prestes a deixar o cargo e dar lugar a quem vencer as eleições presidenciais de novembro, entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump.

A visita de Starmer aos EUA também visa amenizar a guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas em Gaza.

Mas de todo modo, o foco estará na Ucrânia, onde as perdas no campo de batalha após mais de dois anos e meio de conflito são particularmente preocupantes.

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