O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, abriram nesta quarta-feira (16) com um aperto de mãos sua tão esperada reunião de cúpula em Genebra, com o objetivo de diminuir as tensões entre os dois países e encontrar alguns pontos de acordo.

Os dois líderes chegaram com poucos minutos de diferença em Villa La Grange, um magnífico edifício do século XVIII localizado no coração da cidade suíça, e foram recebidos pelo presidente suíço Guy Parmelin, que desejou boa sorte no encontro que promete ser complicado.

Biden tomou a iniciativa e estendeu a mão para Putin. “É sempre melhor nos encontrarmos cara a cara”, disse o presidente dos Estados Unidos no início desta cúpula, a primeira com o líder russo desde que chegou à Casa Branca em janeiro.

Putin, por sua vez, disse estar confiante de que “a reunião será produtiva”.

O encontro prevê primeiro uma reunião em formato reduzido com Biden, Putin e os chefes da diplomacia americana e russa, Antony Blinken e Serguei Lavrov. Em seguida acontecerá uma sessão de trabalho mais ampla.

Putin chegou a Genebra nesta quarta-feira ao meio-dia, meia hora antes do início da reunião, e Biden o fez na terça-feira, procedente de Bruxelas, onde participou das reuniões de cúpula da Otan e com seus aliados na União Europeia.

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Desde que assumiu o poder, o 46º presidente dos Estados Unidos adotou um tom firme em relação a Putin, para deixar clara a diferença com seu antecessor, Donald Trump.

Biden também prometeu que destacará ao russo quais as “linhas vermelhas” que não deve ultrapassar.

“Não busco um conflito com a Rússia, mas responderemos se a Rússia continuar com suas atividades prejudiciais”, disse o presidente americano antes da cúpula.

Embora a Casa Branca tenha insistido que nenhum avanço espetacular deve ser esperado, o presidente de 78 anos sabe que em Genebra terá a oportunidade de polir sua imagem de excelente negociador.

Nos últimos dias, os observadores relembraram a famosa cúpula em Genebra entre os presidentes Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov em 1985, que marcou o início do degelo da Guerra Fria.

“Estou sempre pronto”, declarou Biden ao chegar a Genebra e ser questionado sobre seu estado de espírito antes desta reunião que concentra as atenções do mundo.

Mas o presidente russo também tem uma longa experiência com encontros de cúpula. Desde que assumiu o poder, no final de 1999, ele conheceu quatro presidentes americanos. Biden é o quinto.

Muitos especialistas concordam que Putin já conseguiu o que mais desejava: realizar a cúpula como um sinal da importância da Rússia no cenário mundial.

Em entrevista à NBC, Putin disse esperar que o presidente democrata seja menos impulsivo do que seu antecessor republicano. Mas ele aproveitou a ocasião para descrever Donald Trump como um homem “talentoso”.

– “Liberdade para Navalny” –


O único ponto de acordo entre a Casa Branca e o Kremlin é que as relações entre os dois países estão em seu ponto mais baixo em décadas.

As questões polêmicas são numerosas e as discussões prometem ser ásperas e difíceis, principalmente em relação à Ucrânia e Belarus.

Um dos tópicos mais delicados é a desinformação online e os ataques cibernéticos.

Além da tentativa de interferência na eleição de 2016 em benefício de Donald Trump, os ataques cibernéticos recentes registrados contra empresas como SolarWinds, Colonial Pipeline e JBS e atribuídos a Moscou ou grupos de hackers russos irritaram Washington.

Genebra está sob forte segurança, mas um pequeno grupo de manifestantes quis mostrar seu apoio a Alexei Navalny, líder da oposição russa que está na prisão após sobreviver a um envenenamento que atribuiu ao Kremlin. Muitos gritavam “Uma Rússia sem Putin”.

Na terça-feira, de Bruxelas, Joe Biden emitiu um claro alerta sobre o ativista russo. A morte de Navalny “seria uma tragédia”, disse.

“Isso deterioraria as relações com o resto do mundo e também comigo”, alertou.

O presidente da Suíça, Guy Parmelin, por sua vez, mostrou-se otimista com este encontro.

“O mundo está há 18 meses em uma pandemia que atingiu terrivelmente. A reunião de Genebra representa uma oportunidade para os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia inspirarem um pouco mais de otimismo, um pouco mais de esperança na política mundial”, disse ele.


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