O senador de esquerda Bernie Sanders afastou nesta quarta-feira (11) as dúvidas sobre sua permanência na disputa das primárias pela indicação presidencial democrata, afirmando que participará do próximo debate e garantindo que “fará todo o possível para derrotar Donald Trump” em novembro.

“No domingo, espero ansioso pelo debate no Arizona com meu amigo Joe Biden”, disse Sanders, depois que o ex-vice-presidente ampliou sua liderança nas primárias após uma série de votações.

“Donald Trump deve ser derrotado e farei o possível para que isso aconteça”, acrescentou o senador, que criticou em discurso o “cruel” sistema migratório e defendeu a alata do salário mínimo e uma reforma do sistema de saúde.

Na terça, Joe Biden consolidou sua vantagem na campanha para garantir a indicação do Partido Democrata à candidatura presidencial com uma vitória crucial em Michigan, depois da qual estendeu a mão a seu rival, afirmando que juntos podem derrotar Trump.

Em uma noite na qual seis estados votaram, o ex-vice-presidente triunfou em Mississippi, Missouri, em Idaho e no bastião-chave de Michigan, ampliando a vantagem sobre o adversário.

Nesta quarta-feira, Sanders liderava por pequena margem de votos no estado de Washington, outro local importante das primárias de 10 de março, após vencer na Dakota do Norte.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Biden tem agora 861 delegados, contra 710 de Sanders, e parece imbatível para somar os 1.991 votos necessários para a indicação democrata na Convenção Nacional do partido, em julho, na cidade de Milwaukee.

“Quero agradecer a Bernie Sanders e a seus partidários por sua energia infatigável e sua paixão. Temos o mesmo objetivo e juntos vamos vencer Donald Trump”, disse Biden na Filadélfia.

Caso as projeções sejam confirmadas, o ex-vice-presidente de Barack Obama, um político moderado de 77 anos, somaria a maioria dos 125 delegados de Michigan, em um duro golpe a Sanders em um dos estados cruciais para a definição do candidato dos democratas na convenção de julho.

“Embora ainda falte um caminho, parece que vamos ter outra boa noite”, celebrou Biden, que prometeu liderar uma recuperação “da alma da nação”.

Michigan é considerado um “swing state” (estado pendular, ou independente, aquele sem um perfil eleitoral definido), que votou em Trump em 2016 e onde Sanders superou Hillary Clinton nas primárias democratas daquele ano.

O estado tinha mais de um terço dos 352 delegados que estavam em disputa na terça-feira.

Segundo as projeções, Biden também somaria a maioria dos 68 delegados do Missouri, um estado rural do centro do país, e uma parte importante dos 36 votos em Mississippi (sul).

A contundente vitória em Mississippi, onde recebeu quase 80% dos votos, reflete sua popularidade em um segmento-chave: os eleitores negros. No Missouri, Biden derrotou Sanders por quase 25 pontos.

Joe Biden busca obter uma vantagem decisiva que o aproxime da quantidade mínima de 1.991 delegados necessários para obter a indicação em julho, depois dos grandes resultados conquistados nas votações da “Superterça” na semana passada. Na data, venceu em 10 dos 14 estados em disputa, consolidando a posição de favorito.

Nos últimos 10 dias, as primárias registraram uma mudança impressionante, desde que a vitória expressiva de Biden na Carolina do Sul reverteu a série de vitórias de Sanders, que ficou em segundo lugar em Iowa e triunfou em New Hampshire e Nevada, os primeiros estados a organizar a disputa interna.

A campanha de Trump desconsiderou os resultados de terça-feira: “Nunca importou quem será o candidato democrata”.


“São duas faces da mesma moeda”, afirmou o diretor de campanha do presidente republicano, Brad Parscale, considerando que os dois buscam impor uma “agenda socialista” no governo.

– “Uma noite dura” –

Sanders não discursou na terça-feira. Sua campanha afirmou que ele não pretende desistir e vai comparecer ao debate com Biden no próximo domingo.

A congressista Alexandria Ocasio-Cortez, um dos principais apoios de Sanders, afirmou que a terça-feira foi “uma noite dura para o movimento”.

As primárias de terça-feira foram ofuscadas pela propagação do novo coronavírus – que já infectou 1.000 pessoas e provocou 28 mortes nos Estados Unidos. Biden e Sanders cancelaram seus comícios previstos para Cleveland, Ohio, seguindo a orientação das autoridades.

O estado, que organizará primárias na próxima semana, está em emergência desde segunda-feira, quando três casos da doença foram confirmados.

Os democratas anunciaram que o debate previsto para domingo acontecerá sem a presença do público.

Trump, que organiza grandes comícios com frequência, não anunciou mudanças em sua agenda.

– “Uma coalizão tradicional democrata” –

“Biden está articulando uma coalizão tradicional democrata e isto ainda é algo muito potente”, explicou Julian Zelizer, professor de História Política na Universidade de Princeton.

Se conseguir confirmar a candidatura, no entanto, Biden enfrentará um ambiente cada vez mais polarizado, como ilustrou um incidente muito compartilhado nas redes sociais pelos partidários de Trump enquanto os eleitores votavam na terça-feira.

Biden estava em uma fábrica da Fiat Chrysler em Michigan, onde foi bem recebido, mas foi confrontado por um dos funcionários. Ele o acusou de tentar restringir o direito constitucional para o porte de armas de fogo.


“É um mentiroso de merda”, respondeu o candidato. “Apoio a Segunda Emenda”, disse, antes de responder, visivelmente irritado e com uma voz forte: “Não vou tirar sua arma”.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias