O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciará “boas notícias” para corrigir o déficit de US$ 100 bilhões do Fundo Global para o Clima, revelou um alto funcionário da ONU nesta segunda-feira (20) após uma reunião a portas fechadas de países à margem da Assembleia Geral.

Biden, que fará seu primeiro discurso como líder dos Estados Unidos nas Nações Unidas na terça-feira, foi representado por seu enviado para o clima, John Kerry, na cúpula convocada pelo Reino Unido e pelo chefe da ONU, Antonio Guterres.

Os países desenvolvidos se comprometeram em 2009 em Copenhague a mobilizar US$ 100 bilhões por ano entre 2020 e 2025 para apoiar a adaptação do sul às mudanças climáticas e reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, lembrou Guterres.

Mas o plano de financiamento, que deve ser anunciado durante a COP26, (31 de outubro a 12 de novembro), foi adiado.

“Fracassamos em 2019 e 2020, os cálculos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostram que faltam 20 bilhões de dólares”, afirmou Guterres, alertando sobre a “erosão da confiança entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento”.

No entanto, “ouvimos o representante americano (dizer que) boas notícias eram iminentes”, revelou um alto funcionário da ONU sob anonimato, antes de mencionar “sinais e opiniões realmente positivos”.

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“Não temos os detalhes, mas esperamos que ajude a esclarecer como os Estados Unidos esperam apoiar a mobilização desses US$ 100 bilhões”, acrescentou.

Este anúncio pode dar uma nova esperança às nações mais pobres. Um aquecimento global impossível de limitar sem medidas de alto impacto preocupa os cientistas.

– “Insuficiente” –

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi menos diplomático durante a cúpula, criticando alguns líderes por terem quebrado sua palavra.

“Todos concordamos que algo precisa ser feito, mas admito estar cada vez mais frustrado que esse ‘algo’ com o qual muitos de vocês se comprometeram não seja nem remotamente o suficiente”, afirmou Johnson, de acordo com um relatório divulgado pelo governo britânico.

“São as maiores economias do mundo que causam problemas, enquanto as menores sofrem as piores consequências”, acrescentou.

Londres, que prometeu contribuição de US$ 15 bilhões nos próximos cinco anos, anunciou nesta segunda-feira que, desse montante, US$ 750 milhões serão destinados a ajudar os países em desenvolvimento a atingir as metas de emissão zero e acabar com o uso de carbono.

“Enquanto esses países buscarem desenvolver suas economias de forma limpa, verde e duradoura, temos o dever de apoiá-los com nossa tecnologia, nosso conhecimento e o dinheiro que prometemos”, disse Johnson.

“O mundo em desenvolvimento carrega o fardo da mudança climática catastrófica com furacões, incêndios e inundações, e os danos econômicos reais de longo prazo, e ainda é o mundo desenvolvido que tem emitido carbono na atmosfera por 200 anos. E isso causa o aceleração da mudança climática, por isso temos que ajudá-los”, insistiu o primeiro-ministro britânico após a cúpula, que “espera para ver o que o presidente dos Estados Unidos tem a dizer.”

Durante a conversa, Suécia, Dinamarca e Holanda prometeram aumentar sua contribuição em 50%, de acordo com um alto funcionário da ONU.

A cúpula intervém poucos dias após a publicação de um relatório das Nações Unidas segundo o qual limitar o aquecimento global a 1,5° C é impossível sem uma redução imediata e massiva das emissões de gases de efeito estufa.


O Acordo de Paris de 2015 sobre mudanças climáticas, assinado durante a COP21, buscou limitar o aquecimento global a menos de 2° C acima do nível pré-industrial e, idealmente, a 1,5° C.

Mas, segundo os atuais compromissos dos Estados membros do Acordo, “o mundo está em um rumo catastrófico para um aumento de 2,7° C”, alertou Guterres, destacando que “se não mudarmos nossa trajetória coletiva, existe um grande risco de fracasso da COP26” em Glasgow.


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