Considerado uma estrela em ascensão dentro do clero católico, o cardeal Matteo Maria Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), é um dos nomes que figuram entre os favoritos para suceder o papa Francisco.
Membro da comunidade romana de Santo Egídio, histórica entidade voltada à caridade e à promoção da paz, ele atua há mais de três décadas como um “diplomata discreto” para o Vaticano e foi o enviado especial de Francisco para a Ucrânia.
Conhecido por se deslocar de bicicleta por Bolonha, Zuppi, 69 anos, também é uma figura popular por suas décadas de trabalho em prol dos necessitados e defende o acolhimento de migrantes e católicos homossexuais na Igreja.
Para o religioso, autorizar bênçãos a casais homoafetivos significa mostrar o “olhar amoroso da Igreja sobre todos os filhos de Deus, mas sem derrogar os ensinamentos do Magistério”.
“Deus quer que todos sejam salvos e cada pessoa batizada é nosso irmão”.
Origem
Nascido em Roma, em 11 de outubro de 1955, o prelado italiano é o quinto de uma família com seis filhos. Uma primeira etapa importante de sua vida é datada de 1973, quando estudou no colégio Virgilio, onde conheceu Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio.
Na sequência, ele passou a frequentar a entidade e colaborou nas atividades em prol dos “últimos”, que vão desde escolas populares para crianças nas favelas romanas até iniciativas para idosos sozinhos e não autossuficientes, para imigrantes e sem-teto, doentes terminais, deficientes e viciados em drogas, além de prisioneiros e vítimas de conflitos.
Aos 22 anos, após se formar em letras e filosofia na Universidade de Roma La Sapienza, com uma tese sobre a história do cristianismo, o cardeal entrou no seminário da diocese de Palestrina e, consequentemente, obteve um bacharelado em teologia.
Em maio de 1981, Zuppi foi ordenado padre e, logo depois, tornou-se vigário paroquial da Basílica de Santa Maria em Trastevere, na capital italiana, mantendo o cargo por 19 anos.
Ao longo de sua carreira religiosa, o italiano ocupou vários postos, como o de reitor da igreja de Santa Croce alla Lungara (1983 a 2012), também em Roma, e membro do conselho presbiteriano diocesano (1995 a 2012).
Já de 2000 a 2012, foi assistente eclesiástico geral da Comunidade de Santo Egídio e chegou a atuar como mediador em Moçambique no processo que levou a paz ao país africano após mais de 17 anos de guerra civil.
Em 31 de janeiro de 2012, Bento XVI o nomeou bispo titular de Villanova e auxiliar de Roma. Ele recebeu a ordenação episcopal no dia 14 de abril do mesmo ano.
Zuppi tornou-se cardeal em outubro de 2019, no papado de Francisco, e atualmente é membro do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e do Departamento de Administração do Patrimônio da Sé Apostólica.
O italiano era homem de confiança de Jorge Bergoglio, que o encarregou de tentar abrir uma espiral de diálogo entre Rússia e Ucrânia, com foco na repatriação de crianças deportadas por Moscou.
“É preciso fazer de tudo para chegar à paz, porque a guerra faz mal, mata, é uma pandemia. Essa sensibilidade precisa ser criativa, não basta vermos como as coisas vão, é preciso inventar de tudo. Acredito que essa fosse a preocupação do Papa”, disse o religioso em dezembro de 2023, ao comparar as guerras às pandemias. (ANSA).