Ninguém vence sozinho. Essa é uma das máximas do esporte e vale tanto para modalidades coletivas quanto para as individuais. A comprovação veio nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, demonstrada nos agradecimentos por parte dos atletas. Normalmente, as palavras de gratidão são direcionadas aos colegas, treinadores e familiares. Já o depoimento dos bicampeões olímpicos Robert Scheidt, Martine Grael e Kahena Kunze reconhece a importância de profissionais que atuam nos bastidores para garantir a saúde do corpo dos competidores, seu “instrumento de trabalho”, que são os fisioterapeutas.

Incentivados por Ricardo Takahashi, integrante da equipe de fisioterapeutas escalados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) para atuar na competição de vela, os atletas gravaram vídeos de apoio direcionados a esses profissionais por meio da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (Sonafe). Os depoimentos foram colhidos ainda no Japão, na Marina de Enoshima, e postado nas redes sociais.

“Amigos da Sonafe Brasil, gostaria de dizer como foi importante o apoio da fisioterapia nessa minha caminhada. Aos 48 anos, com todo o desgaste de muitos anos de competição, na sétima olimpíada, e o trabalho da fisioterapia foi fundamental para chegar até aqui sem lesão, administrar o desgaste físico das provas e competir de igual para o igual com a molecada até o final. Quero valorizar muito o trabalho de todos vocês. Bons ventos”, disse Scheidt. “Que vocês continuem fazendo esse trabalho super importante”, completou Kahena, ao lado de Martine.

Takahashi descreve um pouco do trabalho dos fisioterapeutas nos Jogos Olímpicos. “Em uma missão olímpica, nosso trabalho é de manutenção em relação a eventuais lesões crônicas dos atletas, aliviando qualquer desconforto ou dor. E também auxiliar em caso de problemas que ocorram nos treinos e competições. Nesses casos, costumo dizer que somos como bombeiros. Estamos a postos para apagar todo tipo de incêndio”, explicou Taka, como é conhecido.

Em sua terceira Olimpíada como membro do time de fisioterapeutas do Time Brasil, Taka aponta como um dos fatores importantes, saber ouvir o atleta para atender suas necessidades. Isso significa que é preciso saber levar em conta o trabalho que vem sendo executado em todo o ciclo olímpico em relação ao controle de lesões. “Fazemos muito trabalho de mobilização articular, tanto com manipulação da musculatura quanto fazendo uso de aparelhos, quando necessário”, atestou o fisioterapeuta.

Assim como os atletas, as equipes médica, de fisioterapia, transporte, cozinha, entre outros pontos de apoio, também sofreram restrições em função da pandemia de covid-19. Takahashi conta ter ficado confinado no hotel base do Time Brasil em boa parte do período dos Jogos, permanecendo à disposição dos atletas, 24 horas por dia. “Todos procuramos exercer nossas funções com profissionalismo, entrega e muito amor pelo trabalho e pelo esporte brasileiro”, completou.

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Embora tenha permanecido à disposição de todos os velejadores em Enoshima, Takahashi atuou mais diretamente com Robert Scheidt para o ciclo olímpico de Tóquio-2020. Desde a fase de classificação para os Jogos, Taka desenvolveu um trabalho para auxiliar o atleta a fim de evitar o risco de lesões.

“O Robert é um atleta diferenciado. Conhece muito bem o seu corpo e isso facilita o trabalho do fisioterapeuta, porque ele sabe direcionar para os pontos onde sente mais necessidade. É impressionante vê-lo competir, sua dedicação, disciplina e o brilho nos olhos nas regatas. Não garantiu um lugar na medal race, onde só os dez melhores se classificam à toa. Aos 48 anos deixou atletas bem mais jovens para trás”, complementou o fisioterapeuta, que já reassumiu as atividades em sua clínica, em São Paulo.


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