Bia Ferreira cumpriu seu papel nos Jogos Pan-Americanos de Santiago da melhor maneira possível. A maior representante do boxe no Chile não deu chances para Angie Valdes, a prodígio pugilista colombiana, conquistando a medalha de ouro por decisão unânime dos jurados. Com nove representantes nas decisões, a nobre arte nacional teve de poupar dois finalistas por lesão, mesmo assim celebrou mais três ouros, com Caroline Barbosa, Jucielen Romeu e Maria Bárbara dos Santos. Ainda viu Keno Marley Machado protagonizar grande combate com cubano Julio Cesar La Cruz, bicampeão olímpico, em prévia de possível final para Paris-2024 e acabar com a prata apesar de resultado contestado. Tatiana Chagas e Wanderley Pereira também ficaram em segundo.

Beatriz Ferreira repensou muito sua decisão de adiar a aposentadoria do boxe amador para se profissionalizar e aceitou tentar buscar nova medalha olímpica após a prata em Tóquio-2020. Para isso, precisava ir até a final da categoria 60kg. Atropelando suas adversárias, ela não só garantiu a vaga para Paris-2024 como ainda subiu ao topo do pódio, confirmando que está em grande forma paras defender as cores do País, em breve, apenas como profissional, onde já fez três lutas.

“Missão dada é missão cumprida. Classifiquei e, de brinde, peguei o ouro”, brincou Bia Ferreira. “Estou muito feliz. Jogos Olímpicos já estão aí e eu quero pegar a mãe de todas, a (medalha) dourada. Meu último ciclo (como lutadora amadora), era para ser em Tóquio, mas fui desafiada, um ciclo menor (três anos até Paris). Quis repetir as competições, trazendo ouro novamente, e está dando tudo certo. Acredito que lá em Paris vou estar no pódio e brigando pelo ouro”, previu.

O dia das finais do Brasil no boxe do Pan começou com a confirmação de que Abner Teixeira e Michael Andrade não entrariam no ringue por causa de lesões sérias. Pela vaga olímpica, Abner aceitou ir para o Pan, mesmo com o ligamento do joelho rompido. Se garantiu em Paris ao passar pela semifinal e foi convencido a se contentar com a prata. Já Michael rompeu o ligamento do braço na semifinal e também acabou dando WO.

“Infelizmente não vou lutar a final dos Jogos Pan-Americanos. Foi uma decisão tomada pela minha comissão técnica, entre médicos, fisioterapeutas e treinadores, devido a uma lesão ligamentar em meu joelho. Eu queria muito lutar, já ganhei deste americano que está na final no ano passado”, lamentou Abner, da categoria até 92kg, em vídeo.

“Mas eu confio muito em minha comissão técnica e se acha melhor não lutar agora por objetivo maior, sigo confiando nela. Sou muito orgulhoso e para mim é muito difícil tomar essa decisão, mas já consegui a classificação que era o objetivo”, completou o boxeador, que volta para São Paulo neste fim de semana para continuar a fisioterapia. A volta aos ringues será só em fevereiro de 2024.

A terceira prata do Brasil veio com Tatiana Chagas, na final até 54kg. A brasileira até equilíbrio a luta, mas acabou superada pela favorita colombiana Yeni Arias, por decisão dividida dos árbitros (3 a 2).

Keno Marley entrou no ringue em Santiago disposto a ir além da prata de Lima-2019. Mas sabia que a missão diante de Julio Cesar La Cruz era complicada. O cubano é bicampeão olímpico. Mesmo assim, o brasileiro ganhou o primeiro round. Mas levou a virada, contestável, perdendo a prévia de possível final de Paris-2024 (caso não se cruzem antes), por 4 a 1.

O segundo ouro do dia veio com Caroline Barbosa dominando todo o combate com a americana Jennifer Lozano nos 50kg. Agressiva, a brasileira celebrou a medalha com decisão unânime. Logo depois, foi a vez de Jucielen Romeu entrar no rinque do Centro de Entretenimento Olímpico de Santiago na categoria 57kg. Pela frente, a colombiana Valeria Arboleda, que não foi páreo e também saiu derrotada por 5 a 0 em nova festa verde e amarela.

As mulheres do Brasil deram show, com Maria Bárbara garantindo a quarta conquista do dia nos 66kg, atropelando a americana Morelle McCalle. As seis representantes do País em Santiago levaram medalha, já que Viviane Pereira levou o bronze nos 75kg.

Wanderley Pereira fechou as finais nos 80kg diante do cubano Arlen Lopez e não conseguiu se dar bem diante do favorito. Com decisão unânime, acabou com a prata, mas feliz pelo desempenho e a vaga olímpica. Todos os brasileiros finalistas se garantiram em Paris-2024, com 12 dos 13 representantes em Santiago indo ao pódio.