O maior resultado da história do basquete brasileiro completa 55 anos nesta sexta-feira. O bicampeonato mundial de uma geração super talentosa ainda repercute e contrasta com o momento que vive a modalidade atualmente, com poucas vitórias internacionais expressivas e falta de recursos na Confederação Brasileira de Basquete (CBB). “Foi o resultado mais significativo para mim”, lembrou Luiz Cláudio Menon, caçula daquela equipe e que permaneceu na seleção por muitos anos.

Aos 74 anos, ele festeja o fato de ter participado daquela equipe que tinha estrelas como Wlamir Marques e Amaury Passos. “Eu era o mais novo da equipe e fui lá mais para aprender do que qualquer outra coisa. Era tudo um deslumbre. Aprendi muito com Amaury, que na minha visão foi o melhor jogador de basquete que o Brasil já teve, e pude observar jogadores de outros países como Estados Unidos, União Soviética, França e Iugoslávia”, disse.

O Brasil entrou no torneio por ter sido campeão mundial na edição anterior, em 1959, no Chile. Outro dado relevante é que a competição seria realizada nas Filipinas, mas o país se recusou a dar visto de entrada para as delegações dos países socialistas. Com isso, o Brasil assumiu a missão e recebeu o evento. Por ser campeã e sede, a seleção estreou apenas na fase final, disputada no Rio de Janeiro, no ginásio do Maracanãzinho.

O primeiro confronto foi contra Porto Rico e vitória por 62 a 55. Naquela rodada inicial da fase final, que tinha sete seleções, a Iugoslávia venceu os Estados Unidos por 75 a 73 e mostrou que iria brigar pelo título. Na rodada seguinte, o Brasil passou pela Itália por 81 a 62. A vitória da União Soviética sobre os EUA por 75 a 74 tirou os norte-americanos da briga pelo ouro.

Em sua terceira partida, o Brasil encarou a Iugoslávia e ganhou de 90 a 71. “Joguei muito pouco no torneio, mas entrei no final daquela partida e fiz dois pontos. Lembro perfeitamente como eles foram. Eu recebi a bola, fintei um adversário, estava do lado esquerdo da tabela, subi para arremessar, o marcador, que era mais alto, saltou junto para tentar dar o toco. Eu troquei a bola da mão direita para a esquerda e arremessei de canhota. Para mim foi o máximo”, contou Menon.

Depois, o Brasil ganhou da França (77 a 63), União Soviética (90 a 79) e na rodada final superou os Estados Unidos por 85 a 81, conquistando o bicampeonato mundial. “Foi minha segunda participação em torneios oficiais com a seleção. Participei dos Jogos Pan-Americanos, em São Paulo, e fui para o Rio me juntar ao grupo. Nós temos um troféu que é alusivo ao título mundial, a CBB deu um para cada atleta”, afirmou.

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Naquele período, o basquete brasileiro dividia as principais manchetes esportivas com o futebol. O Brasil tinha conquistado as Copas de 1958 e 1962. No basquete, os Mundiais foram vencidos em 1959 e 1963. “Não havia empenho para se igualar ao futebol, que já era o grande esporte das massas. O basquete brasileiro era amador naquela época, e a gente ganhava torneios e campeonatos”, explicou.

O jovem Menon depois teve uma trajetória de protagonismo com a seleção. Mais experiente, disputou os Campeonatos Mundiais de 1967, no Uruguai, e de 1970, na Iugoslávia, ganhando a medalha de bronze e de prata, respectivamente. “Dos três que participei, fui ao pódio nas três vezes. Naquela ocasião, em 1963, não tinha ideia de que participaria de outros dois Mundiais e seria o cestinha do Brasil em ambos, sendo que no Uruguai fui eleito para a seleção do torneio”.


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