A líder do movimento cubano Damas de Branco, Berta Soler, foi libertada na noite de quinta-feira (23) após ter sido detida por cerca de 10 horas para evitar que pedisse a prova de vida do dissidente José Daniel Ferrer, disse a própria opositora.

“O único objetivo da prisão foi impedir que apresentássemos o pedido de prova de vida de José Daniel Ferrer, cuja família não sabe onde e como está há 75 dias”, disse Soler à AFP nesta sexta-feira (24).

A oposição confirmou que ela e seu marido, o ex-preso político Ángel Moya, foram detidos na manhã de quinta-feira, a caminho do Ministério Público, e levados às duas delegacias da capital, onde os agentes confiscaram cópias do documento. Ambos foram soltos por volta das 20h.

Ferrer, de 51 anos e líder da União Patriótica de Cuba (Unpacu), a organização mais ativa da oposição cubana, foi preso no dia 11 de julho em Santiago de Cuba (leste), durante as históricas manifestações antigovernamentais que abalaram cinquenta cidades cubanas.

Por essa prisão, um tribunal revogou a sanção de liberdade limitada que ele cumpria desde fevereiro de 2021, após ter sido condenado a quatro anos e seis meses de prisão por acusações de lesões e outros crimes contra outro opositor.

“Não estamos pedindo que Ferrer seja libertado, exigimos que a lei seja cumprida e não vamos desistir desse esforço”, acrescentou Soler.

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Ferrer e Moya estão entre os 75 presos políticos da Primavera Negra de 2003, condenados a longas penas de prisão e libertados em 2011 junto com 130 outros presos políticos após uma negociação entre o governo e a Igreja Católica.

A maioria desses prisioneiros emigrou para a Espanha com suas famílias, mas 12 deles, Ferrer e Moya entre eles, decidiram permanecer no país.

As mães, esposas e filhas desses prisioneiros formaram as Damas de Blanco, um movimento que exige a liberdade de outros prisioneiros políticos.

Em Cuba toda dissidência é ilegal e seus ativistas são considerados pelo governo “mercenários” dos Estados Unidos.


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