Silvio Berlusconi, falecido nesta segunda-feira (12) aos 86 anos, era fanático pelo Milan, clube que dirigiu por 31 anos e onde construiu um dos melhores times da história com estrelas contratadas a peso de ouro.

Para o ex-primeiro-ministro da Itália, proprietário desde 2018 de outro clube da Serie A (Monza), o Milan foi uma paixão que ele nunca escondeu, mas também uma ferramenta eficaz de comunicação a serviço de seus negócios e sua carreira política.

“É um vazio que nunca poderá ser preenchido”, escreveu o Monza em um comunicado, enquanto o Milan homenageou a memória de seu “inesquecível” ex-presidente.

O técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, que foi jogador e treinador do Milan na era Berlusconi, expressou seu “agradecimento infinito” ao dirigente.

Durante 31 anos, com algumas pausas enquanto era chefe de governo, o clube “rossonero” conquistou 29 títulos, entre eles cinco Ligas dos Campeões da Europa e oito “Scudetti”.

O Milan era, naquela época, o “bicho-papão” do futebol, comandado por treinadores como Arrigo Sacchi e Fabio Capello, campeão da Champions em 1994 com uma goleada por 4 a 0 sobre o Barcelona na final.

Foram anos de glórias com times recheados de craques: os italianos Franco Baresi, Paolo Maldini e Andrea Pirlo, os holandeses Marco Van Basten, Ruud Gullit, Frank Rijkaard e Clarence Seedorf, os brasileiros Dida, Cafu e Kaká, entre outros, além do liberiano George Weah e do ucraniano Andriy Shevchenko.

– Bolas de Ouro –

Gullit, Van Basten, Weah, Shevchenko e Kaká ganharam a Bola de Ouro durante suas passagens pelo Milan.

Mas esse sucesso tinha um preço. Numa época em que os jogadores não trocavam muito de clube, nem costumavam jogar fora de seus países, Berlusconi foi um pioneiro ao reivindicar o “futebol negócio”, multiplicando o número de transferências internacionais no mercado.

Nos anos 2000, o Milan venceu duas vezes a Champions, mas a riqueza de Berlusconi não foi suficiente para atrair as maiores estrelas quando chegaram à Europa acionistas ainda mais poderosos de Estados Unidos, Ásia e Golfo.

A história de Silvio Berlusconi com o Milan começa em 1986, quando ele compra o clube à beira da falência, e termina em 2017, com a venda a um empresário chinês por mais de 700 milhões de euros (R$ 2,3 bilhões na cotação da época).

– Último desafio no Monza –

Afundado em dívidas, o Milan passou no ano seguinte para as mãos de um fundo de investimentos dos Estados Unidos, o Elliot Management, que o revendeu em 2022 para outro fundo, o RedBird Capital, por 1,2 milhão de euros (R$ 6,2 bilhões), depois do título do Campeonato Italiano na temporada passada.

Ao deixar o Milan, Berlusconi explicou que “o futebol moderno exige o mais alto nível europeu e mundial em investimento para ser competitivo, recursos que uma família sozinha não pode assumir”.

Ainda assim, ele não abandonou o esporte e, em 2018, comprou o Monza, que então estava na terceira divisão, com a ideia de levá-lo pela primeira vez à elite do futebol italiano. Assim como fez com o Milan, confiou a gestão do clube ao seu braço-direito, Adriano Galliani.

Ajudado pelos investimentos de Berlusconi, o Monza, cujo estádio fica a 10 minutos da mansão do dirigente, em Arcore, chegou à Serie A em quatro anos e, nesta temporada, conseguiu a permanência com folga.

Em dezembro do ano passado, Berlusconi protagonizou mais uma polêmica ao prometer aos jogadores da equipe “um ônibus de prostitutas” para motivá-los.

“Uma simples brincadeira de vestiário”, desculpou-se o emblemático dirigente, após a repercussão do caso.

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