O ex-primeiro-ministro italiano e magnata das comunicações Silvio Berlusconi provocou polêmica nesta quarta-feira (19) na Itália por seus ataques ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, e por ter retomado a amizade com o presidente russo, Vladimir Putin.
As declarações de Berlusconi ameaçam um futuro governo de direita e suscitaram a imediata reação da provável futura primeira-ministra, Giorgia Meloni, que reiterou em nota sua posição a favor da União Europeia e de apoio à Ucrânia contra a invasão russa.
“Quem não estiver de acordo com este princípio fundamental não poderá fazer parte do governo, mesmo que o preço seja sua não formação”, ameaçou Meloni.
Em uma gravação que vazou nesta quarta, Berlusconi afirma que considera Zelensky responsável pelo conflito e o acusa de quebrar um acordo de paz ao “triplicar os ataques” contra dois territórios separatistas pró-russos na bacia do Donbass.
“Em 2014, em Minsk, Belarus, foi assinado um acordo entre a Ucrânia e as duas repúblicas recém-formadas no Donbass para a paz e para que ninguém atacasse ninguém. Um ano depois a Ucrânia rompeu o pacto e começou a atacar as fronteiras das duas repúblicas”, disse Berlusconi aos parlamentares de seu partido, Força Itália.
No discurso, o ex-primeiro-ministro italiano reiterou o que já havia dito em setembro: Putin foi “pressionado” por sua população e seu entorno a invadir a Ucrânia.
– Amigo de Putin –
“Voltei a me relacionar com Putin, para ele sou o primeiro de seus cinco verdadeiros amigos”, garantiu Berlusconi, segundo o áudio.
“O conheci como pessoa pacífica e sensata”, garantiu o líder do Força Itália, partido que faz parte da coalizão de direita vencedora das eleições de setembro e que está negociando a distribuição de ministérios.
As declarações, inicialmente desmentidas por seu partido, foram divulgadas em sua totalidade, incitando a diferentes reações.
“Berlusconi sem freios”, publicou o jornal La Repubblica, enquanto Meloni afirmou que o magnata é “refém dos pró-russos”.
O Força Itália esclareceu que a posição do partido sobre o conflito está “em linha com a União Europeia e Estados Unidos”.
A oposição de esquerda não perdeu a oportunidade.
“Não é uma brincadeira. A nova maioria está começando a mudar a posição da Itália sobre a Rússia por uma mais ambígua”, tuitou Enrico Letta, líder do Partido Democrático.