NÁPOLES, 01 NOV (ANSA) – O ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi agiu como “corruptor privado” ao comprar votos no Parlamento para derrubar o governo de centro-esquerda de Romano Prodi, em 2008.
É o que diz a motivação da sentença da Corte de Apelação de Nápoles que declarou prescrito o crime de corrupção pelo qual o líder conservador havia sido condenado a três anos de prisão em primeira instância.
O documento foi divulgado nesta quarta-feira (1º), pouco mais de seis meses depois do veredicto emitido em 20 de abril, que livrou Berlusconi de uma nova condenação na Justiça.
“É ponto pacífico que Berlusconi tenha agido, diretamente ou por meio de Valter Lavitola, com absoluta consciência para corromper um senador da República, compensando uma conduta contrária aos deveres como parlamentar com a ingente quantia de 3 milhões de euros”, diz a sentença da Corte de Apelação de Nápoles.
O ex-primeiro-ministro, na época na oposição, foi acusado de subornar senadores – com destaque para Sergio De Gregorio – para que eles deixassem a base aliada do então premier Romano Prodi e derrubassem seu governo, o que efetivamente ocorreu em maio de 2008.
De Gregorio, que enfrentava dificuldades financeiras, teria aceitado o suborno e recebido 3 milhões de euros. De acordo com a denúncia, os pagamentos eram feitos pelo jornalista Valter Lavitola, ex-braço direito de Berlusconi e condenado em primeira instância a três anos de prisão – ele também foi beneficiado pela prescrição.
“A imagem do Senado foi lesada e sofreu um relevantíssimo dano pelo fato de a conduta de um membro seu ter sido objeto de comercialização e de a alta função ter sido perturbada por fins egoístas”, afirmam os juízes da Corte de Nápoles.
Aos 81 anos, Berlusconi está inelegível até 2019 devido a uma sentença definitiva por fraude fiscal, caso que levou à cassação do seu mandato de senador. Por conta da condenação, ele foi obrigado a realizar um ano de serviços sociais em um asilo, pena encerrada no início de 2015.
O ex-premier também quase foi preso em razão de uma acusação de prostituição de menores e abuso de poder, mas acabou absolvido pela Corte de Cassação, e ainda responde a processo por corrupção do sistema judiciário. (ANSA)