18/09/2016 - 10:31
Os eleitores de Berlim votavam neste domingo para renovar seu Parlamento, eleições nesta metrópole moderna e multicultural que podem dar, no entanto, um novo impulso ao partido xenofóbico AfD e deixar um resultado doloroso para o partido de Angela Merkel.
Os colégios eleitorais abriram às 08h00 locais (03h00 de Brasília) e fecharão às 18h00 (13h00 de Brasília). As primeiras estimativas de resultados, por parte das redes de televisão públicas, devem ser divulgadas imediatamente.
Quase 2,5 milhões de berlinenses estão convocados às urnas para eleger o Parlamento local da capital alemã, uma cidade dinâmica, multicultural que segue em mutação 27 anos depois da queda do Muro de Berlim.
A chanceler alemã, a princípio, não comentará os resultados até o meio-dia de segunda-feira.
Segundo a última pesquisa da rede pública ZDF, o SPD (Partido Social-Democrata) do prefeito em fim de mandato Michael Müller estaria na liderança com 23% das intenções de voto, à frente do CDU de Merkel (18%) e dos Verdes (18%), enquanto a direita populista AfD obteria em sua primeira participação 14% dos votos.
Se estas previsões se confirmarem, as duas grandes formações que governam em uma grande coalizão em nível federal registrariam seu resultado historicamente mais baixo desde a Reunificação.
A AfD pode chegar a muitos conselhos municipais, sobretudo em bairros periféricos do leste de Berlim.
Este partido novo, que fez da oposição à chegada de migrantes sua principal bandeira, está roubando votos de todos os partidos, dos Verdes até o SPD e, evidentemente, do CDU de Merkel.
Embora as consequências em nível nacional sejam limitadas, estas eleições ocorrem em um ano eleitoral difícil para a chanceler, duramente atingida pela queda de sua popularidade e afetada pelos revezes eleitorais que mostram o crescente mal-estar dos alemães com a chegada de mais de um milhão de migrantes de 2015.
A catastrófica gestão de sua chegada por parte das autoridades municipais, completamente sobrecarregadas, e frequentemente acusadas de negligência, provocou indignação em todo o mundo.
– “Lobo em pele de cordeiro” –
Depois de votar neste domingo, Tobias Ludley descrevia o AfD como “um lobo em pele de cordeiro”.
“O AfD atrai as pessoas que, de outro modo, não votariam. É um voto de protesto”, explicou este policial de 27 anos, orgulhoso do fato de sua cidade ser “um exemplo radiante de multiculturalismo”.
Considerada uma das cidades mais dinâmicas da Europa graças a sua densa rede de “start-ups”, seu ambiente criativo e seu circuito de música eletrônica, a cidade tem ao mesmo tempo uma das maiores taxas de desemprego de toda a Europa, preços imobiliários altos e serviços públicos que deixam muito a desejar, da rede de transportes públicos às escolas.