ROMA, 1 MAR (ANSA) – O papa emérito Bento XVI voltou a reafirmar que na Igreja Católica “só há um Papa”, mas reconheceu que, mesmo oito anos depois de sua renúncia, ainda há um grupo de “fanáticos” que não se conformam com sua decisão.   

Em uma rara entrevista, Joseph Ratzinger conversou com o jornalista Massimo Franco, do “Corriere della Sera”, em matéria publicada nesta segunda-feira (1º).   

“Não há dois papas. O Papa é um só. Foi uma decisão difícil, mas tomei-a com plena consciência e acredito ter feito isso bem.   

Alguns dos meus amigos um pouco ‘fanáticos’ estão ainda irritados, não quiseram aceitar a minha escolha”, disse Ratzinger ao se referir ao dia 28 de fevereiro de 2013, quando efetivou seu pedido de renúncia anunciado no dia 11 daquele mês.   

“Eu penso nas teorias da conspiração que se seguiram. Teve quem disse que foi por culpa do escândalo do Vatileaks, quem falou em um complô do lobby gay, que foi o caso do teólogo conservador lefebvriano Richard Williamson. Não querem acreditar em uma escolha tomada conscientemente. Mas, a minha consciência está no lugar”, acrescentou ao jornal.   

Franco descreve que, por vários momentos, a fala de Ratzinger era difícil de ouvir e que o seu secretário pessoal e prefeito da Casa Pontifícia, Georg Gaenswein, precisava fazer uma “tradução” para a qual Bento XVI confirmava com um gesto com a cabeça. No entanto, o jornalista pontua que o alemão continua “com uma mente lúcida, rápida como seus olhos, atentos e vivos”.   

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Ratzinger ainda foi questionado sobre a viagem do papa Francisco ao Iraque nesta semana e, apesar de reconhecer a ida como “muito importante”, classificou que ela ocorre “em um momento muito difícil que a torna também uma viagem perigosa: por razões de segurança e pela Covid”. “E depois, tem a situação iraquiana que é instável. Acompanharei Francisco com orações”, acrescentou.   

Nas últimas semanas, grupos lançaram foguetes contra sedes militares e a embaixada dos Estados Unidos nas cidade de Bagdá e Irbil, aumentando a tensão antes da visita.   

Já sobre política, o alemão foi questionado sobre o novo premiê italiano, Mario Draghi, a quem desejou que consiga “resolver a crise” e pontuou que é um “homem muito estimado também na Alemanha”. Também expressou simpatia sobre o atual presidente Sergio Mattarella e seu antecessor Giorgio Napolitano.   

Questionado sobre Joe Biden, o segundo presidente católico dos Estados Unidos na história moderna, Ratzinger mostrou uma certa reserva sobre políticas de gênero que ele pode adotar.   

“É verdade, ele é católico e observante. E, pessoalmente, é contra o aborto. Mas, como presidente, deve se alinhar com o Partido Democrata e sobre a política de gênero não sabemos bem qual é a sua posição”, disse ao jornalista. (ANSA).   


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