CIDADE DO VATICANO, 16 ABR (ANSA) – O papa emérito Bento XVI completou 92 anos de vida nesta terça-feira (16), em um raro momento de holofotes desde o fim de seu pontificado, em fevereiro de 2013.   

Há menos de uma semana, uma revista alemã publicou um artigo de Joseph Ratzinger no qual ele afirma que os escândalos de pedofilia na Igreja são resultado da “liberdade sexual” defendida pelo movimento de maio de 1968.   

“Entre as liberdades pelas quais a revolução de 1968 tentou lutar está a liberdade sexual desenfreada, que não se curva mais a qualquer norma”, defendeu Bento XVI, no momento em que Francisco se debate com inúmeros escândalos sexuais dentro do clero e tenta estabelecer medidas globais para combater esse fenômeno.   

A tese gerou reações no mundo católico e levantou questionamentos sobre qual deve ser o papel de um papa emérito na vida da Igreja. “O papado emérito é uma instituição nova que necessita de regulação”, disse à ANSA o teólogo Massimo Faggioli, da Universidade Villanova, na Filadélfia (EUA).   

“Na cultura da informação, o papa emérito, se fica visível e intervém publicamente, se torna um problema, porque para muitos não há diferença entre o verdadeiro papa e o papa emérito”, acrescentou. No último domingo (14), o Angelus de Francisco foi dedicado ao tema do “silêncio”.   

“Nos momentos de obscuridade e grande tribulação, é preciso ficar em silêncio, ter a coragem de ficar em silêncio, mas desde que seja um silêncio não ressentido”, disse. O discurso foi interpretado como uma resposta não a Bento XVI, mas sim às alas do clero, especialmente as ultraconservadoras, que usaram o artigo sobre pedofilia de Ratzinger para atacar Jorge Bergoglio.   

Francisco busca se manter distante dessas repercussões midiáticas e, na última segunda (15), visitou Bento XVI para lhe dar os parabéns e desejar feliz Páscoa, repetindo um encontro que já virou hábito no início da Semana Santa em seu pontificado. (ANSA)