“Bem-vindo, Ronaldo!”. Os fãs de futebol do Irã receberam com festa o craque português Cristiano Ronaldo, do Al-Nassr, que vai enfrentar nesta terça-feira (19) o Persepolis Teerã, um duelo possível graças à aproximação diplomática entre Irã e Arábia Saudita.

Sorridente, Cristiano e seus companheiros foram recebidos por dezenas de pessoas no aeroporto Tehran-Imam Khomeini.

Além disso, CR7 foi presenteado com um luxuoso tapete persa pelo presidente do Persepolis.

Grandes bandeiras com a mensagem “Welcome” (“Bem-vindo”, em tradução do inglês) foram penduradas em pontes da capital iraniana. Teerã está pouco habituada a receber ícones internacionais, devido ao isolamento diplomático do país.

– Treino cancelado –

“É muito emocionante!”, diz o fã Navid Borhanifar, que espera “um bonito jogo entre as estrelas do Al-Nassr e o Persepolis, que tem jogadores experientes”.

O frenesi foi tanto que dezenas de pessoas invadiram a entrada do hotel da equipe saudita para tentar conseguir uma foto com o astro português.

Devido à loucura criada em torno de Cristiano, o Al-Nassr teve de desistir de ir ao estádio para uma última sessão de treinos antes do jogo.

Infelizmente, não haverá torcedores no estádio Azadi, o maior do país (90 mil lugares), devido a uma punição da Confederação Asiática (AFC) após a publicação, em 2021, de uma postagem polêmica na página do Persepolis no Instagram.

Até o início do jogo, os jogadores do Al-Nassr terão a proteção de uma “unidade de elite” das forças de segurança, especializada nas viagens presidenciais, segundo o portal esportivo Varzesh 3.

Entre suas tarefas, está “impedir qualquer contato entre torcedores e jogadores” da equipe saudita, afirma o site.

– Recuperação de relações –

O jogo é válido pela primeira rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões da Ásia, em que os clubes sauditas aparecem agora como favoritos, depois de se reforçarem com nomes de destaque do futebol europeu na última janela de transferências.

Além de Cristiano Ronaldo, que chegou no início do ano, o Al-Nassr contratou o senegalês Sadio Mané e o marfinense Seko Fofana.

O time saudita também vai buscar sua vingança pela derrota para o Persepolis nas semifinais da competição em 2020.

Clube com mais títulos e torcedores no Irã, o Persepolis foi duas vezes finalista do torneio continental, em 2018 e 2020, enquanto o Al-Nassr foi campeão em 1995.

O jogo também tem uma importante dimensão diplomática, porque coloca frente a frente um clube saudita e outro iraniano em um campo “parcial” e não neutro, como foi o caso nos últimos sete anos.

Na noite desta segunda-feira, outro clube saudita, o Al-Ittihad, vai receber o Sepahan, do Irã, em Riade.

A AFC aprovou estes jogos em agosto, cinco meses depois do acordo de recuperação de relações entre os dois países do Oriente Médio, fechado em março com a China como mediadora.

A Arábia Saudita, de maioria sunita, e o Irã, de maioria xiita, haviam rompido suas relações em 2016, após o ataque às missões diplomáticas sauditas por parte de manifestantes iranianos em protesto contra a execução de um religioso xiita.

A AFC, então, encontrou como solução organizar os jogos entre as seleções dos dois países em campo neutro.

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