Era comum os nossos pais e avós trabalharem em ambientes abertos e que possibilitavam a exposição ao sol diariamente. Com o passar dos anos, passamos a permanecer mais tempo em ambientes fechados e, assim, a redução plasmática de vitamina D era esperada.

Mais de 77% da população em geral apresenta insuficiência de vitamina D e, portanto, devemos ter muita cautela. Afinal, a vitamina D apresenta uma ação determinante em nosso organismo, visto que atua na manutenção óssea, mas também no sistema endócrino, muscular, cerebral, imunológico, cardiovascular e até mesmo na saúde da pele e prevenção contra alguns tipos de câncer. 

A vitamina D, assim como o cálcio, são fundamentais para a formação óssea, prevenção e tratamento da osteopenia e osteoporose. Infelizmente, a osteoporose é a doença mais comum relacionada à idade e é caracterizada por um progressivo declínio na massa óssea e ruptura do osso, resultando em um risco aumentado de fraturas por fragilidade.

Inúmeros fatores de risco influenciam o desenvolvimento da osteoporose, incluindo redução do estrogênio durante a menopausa, sedentarismo e alimentação inadequada. Relacionado à nutrição, os principais fatores de risco para a osteoporose são um suprimento insuficiente de cálcio e vitamina D. O cálcio é o principal mineral presente nos ossos e que pode ser liberado para a corrente sanguínea sempre que necessário.

Já a vitamina D é o principal controlador do metabolismo do cálcio,  regulando sua absorção na parte intestinal e renal. Assim, a terapia de tratamento da osteoporose inclui a suplementação de cálcio e vitamina D, quando existe necessidade. E normalmente, em indivíduos com alto risco de osteoporose, especialmente mulheres idosas na pós-menopausa, a vitamina D está insuficiente.

No entanto, o tratamento da osteoporose nem sempre é aplicado, já que a osteoporose é uma condição clínica silenciosa, principalmente diagnosticada apenas após os pacientes experimentarem a primeira fratura por fragilidade. Dito isso, precisamos ter cautela e planejar a prevenção.

Além de atuar na função óssea, a vitamina D também atua no músculo esquelético e foi demonstrado que a deficiência de vitamina D prejudica a ação muscular,  e inclusive pode levar à sarcopenia, bem como diminuição da força muscular. O músculo cardíaco também é regulado pela vitamina D, e consequentemente está envolvido com a capacidade e saúde do sistema cardiovascular. Essa ideia é corroborada pelas descobertas de que o tratamento da deficiência grave de vitamina D resultou na melhora da função do músculo cardíaco e esqueléticoe isso é válido tanto para idosos, quanto para jovens e adultos. É importante observar que indivíduos que praticam exercício físico extenuante, especialmente atletas, são propensos a cair nesta categoria de deficiência, e assim, precisarem de quantidades mais elevadas de vitamina D por conta de maiores demandas devido maior teor e atividade da massa muscular.

Um outro fator importante na nossa saúde é a imunidade, e mais uma vez, a vitamina D participa desse processo, atuando como um modulador chave da função imunológica e inflamação. Vale observar que a imunidade é um sistema amplo, complexo e que depende de vários fatores, mas existe uma crescente apreciação de que a vitamina D exerce ampla regulação em efeitos sobre as células do sistema imune. As evidências atuais sugerem que o nível circulante de vitamina D pode ser crucial para uma resposta anti-inflamatória adequada. Mas isso não significa que precisamos ter níveis plasmáticos acima do recomendado, até porque o excesso de vitamina D também é preocupante e gera toxicidade. 

Gostaria de citar a importância da vitamina D para a prevenção e tratamento do diabetes mellitus (DM). Estudos indicaram uma associação entre a deficiência de vitamina D com o início e progressão de DM tipo 2. Além disso, pesquisas científicas propuseram papéis potenciais da vitamina D no metabolismo da glicose, seja na secreção ou atuação da insulina, assim como redução da inflamação e da resistência à insulina nos músculos, tecido adiposo e no fígado.  

Portanto, é fundamental ajustar os níveis plasmáticos de vitamina D. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o valor entre 10 e 20 ng/mL é considerado insuficiente. Para grupos de risco como idosos; gestantes; pacientes com osteomalácia; raquitismos; osteoporose; hiperparatireoidismo secundário; doenças inflamatórias; doenças autoimunes; renal crônica e pré-bariátricos, é importante manter a vitamina D entre 30 e 60 ng/mL. Já para a população saudável, pelo menos 20 ng/mL. Assim, sempre que os níveis plasmáticos de vitamina D estiverem abaixo da recomendação, precisamos melhorar a exposição ao sol e/ ou suplementar a vitamina D.

Vejam que é fundamental acompanhar a necessidade de ajuste de vitamina D e assim, sugiro uma avaliação plasmática a cada 6 meses, para planejar e organizar a dose da suplementação, conferindo saúde e qualidade de vida para toda família.

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

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