Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, vivemos um processo de constante modernização e industrialização, com seus prós e os contras, como a constante exposição aos compostos tóxicos –por exemplo, os metais pesados que citaremos no decorrer do texto.

Os compostos tóxicos presentes no ar, na água e nos alimentos vindos da poluição, degradação ambiental e utilização em massa de agrotóxicos podem trazer impacto bastante negativo em nossa saúde. Essas substâncias são chamadas de xenobióticos e conceitualmente são definidas como substâncias que fazem mal à saúde, e podem ser acumuladas em nosso organismo a partir de uma pequena exposição diária. Estamos falando de agrotóxicos, poluentes, radiação, medicamentos, pesticidas, produtos químicos, álcool, tabaco e metais pesados. 

O que são os metais pesados? 

O mercúrio, cádmio, chumbo, arsênio, níquel e cromo, são metais pesados encontrados na crosta terrestre. Porém, atividades baseadas em tecnologia ou mesmo aquelas relacionadas à pesquisa, podem causar mudanças drásticas em seus ciclos geoquímicos, podendo dar início a uma cascata de doenças crônicas, alterando todo o panorama de saúde de uma população. 

Quando o assunto é saúde humana, os metais pesados podem perturbar as funções biológicas normais do corpo de várias maneiras, principalmente por se acumularem em órgãos vitais do corpo como fígado, coração, rim e cérebro, processo chamado de bioacumulação. Algumas das consequências conhecidas a partir de trabalhos científicos são a falha na atuação de uma enzima chamada superóxido dismutase, com importante função antioxidante, favorecendo o estresse oxidativo, neurotoxicidade, com aumento na probabilidade de desenvolvimento de Parkinson e Alzheimer, infertilidade, além de debilidade imunológica.

Além dos riscos já mencionados, esses metais podem ser encontrados em aterros e lixões e logo se distribuem no solo, água e consequentemente ao longo da cadeia alimentar, contaminando vegetais e animais, consequentemente os alimentos. 

A grande dúvida então é como podemos nos proteger. Você já escutou falar em detoxificação hepática?   

A chance de já ter escutado este termo é alta, porém, o importante é saber que se relaciona a um processo fisiológico vital que busca reduzir os impactos negativos dos xenobióticos no organismo, e acredite, o nosso fígado é “expert” em fazer este trabalho, mas ele não trabalha sozinho: os rins, trato digestivo, pulmões, cérebro, células imunológicas, adrenais, pele, placenta e intestino são uma equipe perfeita neste trabalho duro e constante. Alguns alimentos ajudam o nosso corpo a “varrer” todos esses elementos pelos compostos ativos que estão presentes em sua composição. Por isso, quero te apresentar alguns exemplos destes alimentos que não podem faltar em sua alimentação diária:

– Frutas vermelhas, como morango, framboesa, amora, grapefruit e uva, por serem ricas em flavonoides;

– maçã, cebola, tomate, nozes, chá verde e oolong, pela elevada concentração de quercetina;

– camomila, por suas propriedades depurativas no fígado;

– cardo mariano (uma planta com propriedade de “limpar” o fígado), que deve ser consumido de forma segura e, por isso, com acompanhamento profissional;

– spirulina por seu elevado poder antioxidante;

– extrato de própolis;

– aveia, cevada, cogumelos, quinoa, trigo por serem ricos em betaglucano.

Lembre-se de que os benefícios virão com a frequência no consumo, portanto, tenha paciência e consuma pelo menos 3 desses alimentos diariamente. Além disso, tomar muita água e maneirar no consumo de bebidas alcoólicas são medidas extra que ajudam muito a manter seu fígado saudável.

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

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