O medo do envelhecimento e flacidez pode mudar o humor de qualquer pessoa. E o que acontece é que muitas dessas pessoas podem ficar receosas e com dúvida se devem ou não praticar algum tipo de treinamento —pois acreditam que a corrida, por exemplo, pode desencadear o envelhecimento precoce e intensificar a flacidez.

 

Antes de qualquer coisa, vamos entender os diferentes tipos de flacidez

 

A flacidez ocorre devido à perda ou falta de tonicidade da pele, do músculo ou de ambos. Ela é gerada por fatores genéticos, ambientais (como a poluição e exposição solar, principalmente sem protetor), maus hábitos (como a ingestão de alimentos processados e ultraprocessados, inatividade física, tabagismo, álcool), idade… Enfim, diversos processos que levam à degradação do colágeno e da elastina da pele, ou a redução do tônus muscular.

A pele sobrepõe o músculo e, por esse motivo, se ele está “flácido”, ou seja, não está fortalecido, está atrofiado, sem tônus, mole ou  como você quiser chamar, consequentemente, a pele fica com o aspecto flácido. Já quando a pele está flácida pela falta de colágeno e elastina, independentemente do quanto você treinar, será muito difícil observar seus gominhos na barriga.

 

Estrutura da pele

 

Como detectar o tipo da sua flacidez

 

FLACIDEZ DA PELE. Una os dedos polegar e indicador e faça uma pinça. A uma distância de cerca de três dedos do umbigo, segure sua pele e puxe o quanto der. Quando soltar a pele, observe se ela volta ao normal . Se sim, você não sofre de flacidez de pele. Se ela demorar a normalizar, esse tipo de flacidez pode estar presente. Lembre-se: procure uma dermatologista para realizar a avaliação mais precisa.

Como tratar. Com exercícios localizados, principalmente a musculação. Com ela, você consegue recuperar a tonicidade do músculo e, por fim, melhorar a flacidez muscular e diminuir um pouquinho o aspecto flácido da pele. Já pessoas que emagreceram muito, tiveram bebê ou possuem uma flacidez de pele genética, que não tem a influência do tônus muscular, devem procurar um médico para tratamentos específicos.

FLACIDEZ MUSCULAR. Contraia o abdômen. Se os músculos apresentarem, mesmo assim, uma mobilidade e contornos não definidos, você pode estar com falta de tônus muscular. Peça orientação para seu professor de Educação Física. Ele vai ajudar você a observar se o músculo está ou não tonificado, ou seja, flácido.

Como tratar. É possível notar grande melhora com musculação, treinamento funcional ou Pilates, realizando exercícios que têm como foco a região do core.

Relação da atividade física, envelhecimento e flacidez

 

A atividade física praticada regularmente, com acompanhamento e de forma consciente, promove o seguinte: 

  • Aumenta a atividade antioxidante. 
  • Eleva a produção de hormônio do crescimento (GH) e de L-glutamina, substâncias que possuem ação contra o envelhecimento.
  • Turbinam a produção de endorfinas, que melhoram o humor e, além disso, ajudam a neutralizar parte dos radicais livres. 
  • Facilitam a utilização de oxigênio pelas células da pele, contribuindo para sua nutrição.

O exercício ajuda muito na melhora do tônus muscular, redução do percentual de gordura e aumento da produção de colágeno. Mas, calma, o colágeno age na sua pele flácida quando sua produção é, também, estimulada por meio de tratamentos sugeridos pelo seu médico, complementados com estratégias que favorecem a produção endógena de colágeno –ou seja, quando a substância é fabricada pelo organismo.

Porém, como tudo na vida tem um limite, exercício de menos é pouco e demais é exagero. O exagero nunca é bom, pois saímos do bom senso e acabamos não respeitando nosso corpo.

O exercício precisa ser realizado com moderação e equilíbrio, prescrito de forma individual e responsável. A atividade física é considerada um “estresse” para nosso organismo e quando iniciamos um exercício, por sair do estado de repouso, liberamos os “hormônios do estresse”: cortisol e catecolaminas, adrenalina e noradrenalina.

O exercício aumenta a geração de radicais livres e espécies reativas de oxigênio (EROs), através de várias vias. Os radicais livres são um dos responsáveis pelo envelhecimento e até o aspecto flácido da pele, porém, a maioria das EROs são neutralizadas em treinos curtos e/ou intensos por um sofisticado sistema de defesa antioxidante composto de uma variedade de enzimas e antioxidantes não enzimáticos, incluindo vitamina A, E e C, glutationa, ubiquinona e flavonoides. 

Porém, exercícios de longa duração (acima de 1 hora e 30 minutos) tendem a gerar quadros de imunossupressão, deixando uma “janela aberta” para ações deletérias no nosso organismo. Por isso, as atividades físicas que ultrapassam os limites fisiológicos promovem um aumento na produção de radicais livres que não são neutralizados, por conta de uma redução na ação antioxidante, causando o chamado estresse oxidativo.

Vale enfatizar que, com o exercício o seu corpo pode utilizar até 15 vezes mais oxigênio que o normal, aumentando a ação das espécies reativas de oxigênio e provocando o estresse oxidativo. 

 

Como evitar o envelhecimento precoce e flacidez

 

Estudos mostram que o consumo de vitaminas A, C e E, flavonoides, selênio e glutationa ajuda na neutralização da atividade dos radicais livres. Isso pode ter resultados promissores no que diz respeito à prevenção da aparência mais velha em quem faz exercícios intensos, sendo a ingestão de alimentos funcionais a melhor fonte dessas substâncias. 

Entre os nutrientes que combatem os radicais livres estão: 

  • Vitamina A: presente em frutas e verduras como mamão, pêssego, abacate, manga, espinafre, brócolis e cenoura. 
  • Vitamina C: encontrada na laranja, no agrião, no abacaxi, no pimentão. 
  • Vitamina E: está em óleos vegetais, nozes, grãos inteiros, sementes e folhas verdes. Flavonoides: presentes em chás (preto, branco e verde), soja, frutas vermelhas, alho, chocolate amargo e uva. 
  • Selênio: castanha-do-Pará, ovos, ostras, sementes de girassol, fígado, atum e semente de chia são fontes do nutriente. 
  • Glutationa: encontrada no alho, na cebola, no espinafre, no abacate, na banana e em ovos; alimentos ricos em selênio estimulam a produção endógena de glutationa.

 

*O conteúdo dessa matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

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