Carlos Belmonte, ex-diretor de futebol do São Paulo, esclareceu as discordâncias que teve com o presidente Julio Casares. Belmonte deixou o cargo no clube na última sexta-feira.
O ex-diretor falou sobre a situação financeira do São Paulo. Para Carlos Belmonte, investir em uma equipe competitiva é a melhor maneira para diminuir as dívidas. O clube tem atualmente um déficit de cerca de R$ 912 milhões.
Diante da realidade financeira, o presidente Julio Casares não tem feito grandes investimentos no futebol. O São Paulo não adquiriu direitos econômicos dos jogadores contratados nesta temporada. A forma de tentar reduzir as dívidas foi ponto de discordância entre Belmonte e Casares.
“Não existe resultado sem investimento. Por que Palmeiras e Flamengo fizeram a final da Libertadores e lideram o Campeonato Brasileiro? Porque têm mais investimento, eles podem contratar mais atletas. Nós teremos o investimento que Palmeiras e Flamengo têm? É lógico que não, mas eu acho que temos que entender o que queremos como instituição, esse é o principal problema do São Paulo hoje”, disse Belmonte em entrevista ao “GE”.
“O são-paulino quer a redução da dívida a todo custo ou pensa em um outro projeto de redução de dívida? Acho que aí que está a questão que deve ser debatida. Eu sei que esse pensamento nem é o mais simpático perante a torcida, mas eu não acredito nesse processo de redução da dívida a todo custo”, prosseguiu.
“A redução virá com um time competitivo, com um time mais forte, com investimento no futebol. Sem investir no futebol, na minha visão, a gente vai reduzir R$ 30, 40, 50 milhões em uma temporada, mas numa dívida de mais de R$ 900 milhões. Quanto tempo vamos levar para reduzir para um patamar mais baixo?”, indagou.
Carlos Belmonte deixou o cargo de diretor de futebol após a goleada sofrida por 6 a 0 pelo São Paulo diante do Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro. Apesar da temporada instável, o time tricolor ainda pode conseguir uma vaga na Libertadores do ano que vem.
“Quanto menos investimento você tiver, mais você corre o risco (de ter uma temporada ruim). Eu acho que não vamos passar por isso (brigar contra o rebaixamento nos próximos anos), pois a gente vem tendo uma gestão austera e este ano, que é tratado como péssimo para o São Paulo, nós estamos em oitavo no Brasileirão e terminamos em quinto a Libertadores. Não corremos risco efetivo de rebaixamento, ficamos no meio da tabela, analisou, reforçando a ideia que o clube precisa investir mais.
“Agora, se não investirmos, continuaremos sendo time de meio de tabela e, se em um ano for um pouquinho pior, pode correr risco de rebaixamento. Então, o que eu acho é que temos que trabalhar pensando em investir no futebol. Eu tenho minhas ideias e acho que não é oportuno eu passá-las agora, pois não sou o presidente do São Paulo, eu passo isso, sempre que posso, para o presidente, e indico que esse é o caminho. Mas sem investir no futebol a gente não sai do quadro em que está”, enfatizou.