A cervejaria belgo-brasileira AB InBev, a maior do mundo, anunciou nesta sexta-feira seu plano de ceder sua filial australiana a sua rival japonesa Asahi, numa tentativa de reduzir sua dívida, diante da pressão dos mercados.

A AB InBev vendeu por US$ 11,3 bilhões sua filial Carlton&United Breweries (CUB) para a Asahi Holdings, também obterá direitos de comercialização na Austrália para as marcas de sua rival.

A empresa matriz das cervejas Stella Artois e Budweiser explica que a receita dessa operação, que deve ser concluída “até o primeiro trimestre de 2020”, será usada para reduzir sua dívida.

Sua fusão em 2016 com sua rival SABMiller por cerca de US$ 100 bilhões colocou o grupo sob pressão. A agência de classificação Standard and Poor’s ameaçou em março reduzir o rating de sua dívida.

O anúncio da empresa sediada na cidade belga de Louvain, dona de 500 marcas de cerveja como Leffe, Brahma ou Quilmes, ocorre depois de desistir, dias atrás, do lançamento de sua subsidiária asiática na bolsa de valores de Hong Kong.

O lançamento da Budweiser Brewing Company APAC Limited, no mercado de ações teria permitido levantar US$ 10 bilhões e ajudar a reduzir sua dívida, mas a operação foi cancelada “por falta de interesse dos investidores”, segundo o analista Marc Ernaelsteen.

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Com o anúncio da cessão de sua subsidiária na Austrália, um “mercado maduro”, “a AB InBev publica seu ‘plano B'”, acrescenta à AFP o analista da empresa belga de gestão de ativos Puliaetco Dewaay.

Ernaelsteen estima que a transação corresponde a quase 15 vezes o superávit operacional bruto (Ebitda) do negócio australiano e, “uma vez concluído, permitirá que esse caixa seja utilizado para reduzir a dívida”.

– Ainda atentos à Ásia –

A companhia apontou que continua considerando o lançamento na Bolsa de Hong Kong, “excluindo a Austrália, desde que isso possa ser feito com uma boa avaliação”, disse o grupo em seu comunicado.

Com a venda do CUB, a Ab Inbev também procura acelerar sua expansão em relação a outros mercados em crescimento na região APAC (Ásia-Pacífico APAC), “um motor de crescimento para a empresa”, nas palavras de seu CEO, Carlos Brito.

“O maior mercado de cerveja do mundo, a China, é fundamental para os esforços da empresa para gerar crescimento”, disse Anna Ward, analista da Euromonitor International, que aponta para condições “cada vez mais desafiadoras” nos Estados Unidos e no Brasil.

De acordo com o Wall Street Journal, a cervejaria belga-brasileira poderia realizar outras tarefas na Coreia do Sul e na América Central. “Não temos comentários sobre isso”, disse um porta-voz da AB InBev à AFP.

A gigante da cervejaria viu seus lucros caírem 14,7%, a US$ 6,8 bilhões no ano passado, mas ainda espera um forte crescimento para este ano. No primeiro trimestre, seu lucro líquido dobrou para US$ 2,52 bilhões de dólares.


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