A Bélgica investiga como um doador de esperma dinamarquês com um gene potencialmente cancerígeno gerou 52 crianças no país entre 2008 e 2017, anunciou o Ministério de Saúde belga nesta sexta-feira (30), em um caso que envolve vários países europeus.
O doador, ao parecer em bom estado de saúde e sem antecedentes familiares conhecidos de câncer, cumpria as normas regulamentárias no momento da doação.
No entanto, mais tarde descobriu-se que ele era portador de uma mutação do gene TP53, vinculada à síndrome de Li-Fraumeni (LFS), um raro transtorno hereditário que aumenta significativamente o risco de câncer, revelou uma investigação do jornal britânico The Guardian.
Pelo menos 10 casos de câncer foram detectados entre as 67 crianças nascidas de suas doações em toda a Europa, segundo o jornal. O esperma do doador foi usado na Bulgária, Chipre, Alemanha, Espanha, Hungria, Irlanda, Grécia, Países Baixos e Polônia.
O alerta foi emitido em 2023 após a identificação de casos de câncer em algumas crianças concebidas a partir de suas doações em uma clínica na Dinamarca. Nesse mesmo ano, a Agência Federal de Medicamentos e Produtos Sanitários da Bélgica foi notificada.
Mas, o ministro da Saúde, Frank Vandenbroucke, afirmou que só teve conhecimento do caso na segunda-feira. “Essa informação deveria ter sido transmitida imediatamente ao ministro competente”, criticou seu porta-voz.
Uma revisão interna identificou 37 famílias afetadas na Bélgica, onde 52 crianças nasceram dessas doações entre 2008 e 2017. As autoridades ressaltaram que nem todas residem necessariamente na Bélgica.
O escândalo expôs aparentes violações da legislação belga, que, desde 2007, limita o uso do esperma de um mesmo doador a um máximo de seis mulheres. “Essa norma foi excedida em nível nacional e em centros individuais”, denunciou o ministério.
O governo belga se recusou a dizer se foram diagnosticados casos de câncer na Bélgica.
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