Bélgica interroga dois turistas israelenses sobre guerra em Gaza

Militares identificados no Tomorrowland foram interrogados pela polícia belga após denúncia de "graves violações do direito internacional humanitário" feita por entidade pró-palestina.A polícia belga interrogou brevemente dois militares israelenses que participavam de um festival de música eletrônica na Bélgica sobre alegações de graves violações do direito internacional humanitário na Faixa de Gaza, comunicou a procuradoria federal em Bruxelas nesta segunda-feira (21/07).

O Ministério do Exterior de Israel confirmou a informação à agência de notícias AP, mas se referiu a "um cidadão israelense e um soldado israelense" que estavam de férias na Bélgica e acrescentou que as autoridades israelenses "lidaram com a questão e estão em contato com os dois".

Os promotores disseram ter recebido a denúncia de que dois soldados israelenses que seriam responsáveis por "graves violações do direito internacional humanitário" em Gaza foram vistos no festival Tomorrowland, perto da cidade de Antuérpia, no norte do país, na semana passada.

A procuradoria federal afirmou ter solicitado à polícia que localizasse essas duas pessoas e as interrogasse. "Após esses interrogatórios, elas foram liberadas", afirmou a procuradoria, que acrescentou ter se decidido pelas medidas após concluir que os tribunais belgas têm jurisdição extraterritorial sobre supostos crimes de guerra.

"Nenhuma informação adicional será fornecida nesta fase da investigação", concluiu a procuradoria federal belga, que não deu os nomes dos dois israelenses interrogados. O paradeiro deles também não foi divulgado.

Fundação liderada por ativista controverso

Na semana passada, a Fundação Hind Rajab (HRF), uma organização belga pró-palestina, afirmou ter identificado dois soldados israelenses "responsáveis por graves crimes internacionais" em Gaza entre a multidão no Tomorrowland.

A fundação acrescentou que um grupo de jovens israelenses teria sido visto no festival agitando uma bandeira da Brigada Givati, uma unidade militar israelense envolvida nos combates no território palestino.

A HRF afirmou que, em seguida, apresentou uma queixa aos promotores em associação com a Global Legal Action Network, um grupo de advogados especializado em violações de direitos humanos.

A Fundação Hind Rajab tem feito campanha pela prisão de tropas israelenses acusadas de crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Esta não é a primeira vez que um militar israelense é alvo de ações judiciais no exterior. Em janeiro, Israel ajudou um ex-soldado a deixar o Brasil após uma ação judicial movida contra ele pelo mesmo grupo, que usa geolocalização e postagens em redes sociais para identificar soldados que acusa de crimes de guerra.

Desde sua formação, em setembro de 2024, a Fundação Hind Rajab fez dezenas de denúncias em mais de dez países, buscando a prisão de soldados israelenses de baixa e alta patente. Não é sabido se algum foi preso em decorrência das ações do grupo.

A Fundação Hind Rajab é liderada pelo controverso ativista belga-libanês Dyab Abou Jahjah, que já declarou ao jornal The New York Times ter recebido treinamento militar da milícia xiita libanesa Hezbollah. O braço militar do Hezbollah é considerado um grupo terrorista na União Europeia.

Ataque terrorista de 7 de Outubro

Um dos maiores festivais de música eletrônica do mundo, o Tomorrowland atrai fãs de todo o mundo. Espera-se que cerca de 400 mil pessoas compareçam ao evento este ano, ao longo de dois fins de semana.

O ataque terrorista do grupo palestino Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 deu origem à guerra em Gaza, onde a campanha militar israelense matou mais de 58 mil pessoas, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas.

O ataque do grupo palestino em 7 de outubro resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas, também a maioria civis, de acordo com dados oficiais israelenses.

as/bl (AFP, AP)