Bebês com DNAs de 3 pessoas nascem saudáveis no Reino Unido

LONDRES, 17 JUL (ANSA) – Uma técnica revolucionária de reprodução assistida no Reino Unido levou ao nascimento de oito bebês com os DNAs de três pessoas diferentes cada um e livres de doenças hereditárias graves que poderiam ser transmitidas pelas mães.   

Legalizado no país há uma década, o método combina o óvulo da mãe e o espermatozoide do pai com o oócito de uma doadora e tem o objetivo de evitar patologias incuráveis e potencialmente fatais, como as síndromes que afetam as mitocôndrias, espécies de centrais de energia das células.   

Um estudo publicado na revista “New England Journal of Medicine” mostrou que oito bebês gerados a partir dessa técnica nasceram saudáveis, sendo quatro meninos e quatro meninas, enquanto uma gravidez ainda está em andamento.   

As crianças têm 99,9% de seu DNA atribuído aos pais, enquanto o 0,1% restante corresponde ao DNA mitocondrial da doadora. A técnica vem sendo desenvolvida há bastante tempo por pesquisadores britânicos e começa com a fertilização dos óvulos da mãe e da doadora com os espermatozoides do pai.   

Em seguida, o núcleo do óvulo fertilizado da mãe é transferido para o oócito da doadora, que teve o DNA nuclear removido. Dessa forma, os embriões recebem as mitocôndrias saudáveis da doadora, e não da mãe – essas estruturas são passadas aos filhos pelas genitoras.   

A técnica aumenta a esperança de mulheres com mutações no DNA mitocondrial terem filhos sem transmitir doenças genéticas graves – um a cada 5 mil bebês é afetado por patologias mitocondriais incuráveis, que podem causar sintomas como problemas de crescimento, fraqueza muscular, cegueira, surdez, atrasos cognitivo, convulsões e desmaios.   

Ao todo, 22 mulheres passaram por esse tratamento na clínica Newcastle Fertility Centre, na Inglaterra, com o nascimento de oito bebês até o momento, cujas idades atuais variam entre seis meses e dois anos. Em seis deles, a presença de DNA mitocondrial com mutações causadoras de doenças foi reduzida em 95% a 100%, segundo o estudo; nos outros dois, o índice varia de 77% a 88%, mantendo-se aquém do patamar mínimo para desencadear as patologias.   

Todos estão saudáveis, de acordo com os pesquisadores, embora um tenha apresentado distúrbios no ritmo cardíaco, problema tratado com sucesso e que poderia estar ligado a outros fatores.   

Ainda assim, a saúde das crianças será acompanhada de perto ao longo dos próximos anos. (ANSA).