03/11/2023 - 8:30
“E no final, o amor que você leva é igual ao amor que você faz.” Durante décadas, The End, canção que fecha o álbum Abbey Road, era conhecida pelos fãs como a última música feita pelos Beatles. Apesar do disco Let it Be ter sido lançado mais tarde, o emblemático verso ficou marcado na história como a derradeira gravação que John, Paul, George e Ringo fizeram juntos.
Em 1995, o projeto Anthology reuniu raridades do quarteto de Liverpool em um pacote que incluía uma série documental, um livro e uma caixa de CDs. Junto com outros sucessos, foram lançadas duas canções inéditas do grupo, Free as a Bird e Real Love, ambas composições de John Lennon que ganharam parcerias instrumentais e vocais dos outros integrantes.
Gravadas apenas com piano e voz, no final dos anos 1970, estavam registradas em fitas, que foram entregues pela esposa de Lennon, Yoko Ono. No lote, no entanto, havia ainda uma terceira faixa. Ela foi trabalhada por Paul McCartney e George Harrison, mas não chegou a ser lançada.
A última música dos Beatles, que vem à tona agora, chama-se Now and Then. Escrita e cantada por John Lennon, teve arranjos criados por Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, até que Paul e Ringo a finalizaram em 2022.
Na época, limitações tecnológicas impediram que os vocais e o piano de Lennon fossem totalmente isolados, condição necessária para obter uma sonoridade com a qualidade exigida.
Now and Then foi engavetada, com a esperança de que um dia fosse revisitada. Em 2021, o lançamento da série documental The Beatles: Get Back, dirigida por Peter Jackson, surpreendeu Paul e Ringo pela restauração do filme e áudio dos anos 1970.
Jackson havia conseguido isolar não apenas os instrumentos e vocais, mas todas as vozes individuais das conversas em estúdio durante a gravação de Let it Be. Esse avanço levou a outra óbvia questão: será que as técnicas criadas por Jackson poderiam ser aplicadas a Now and Then? A resposta veio agora: sim, poderiam.
Presença de John
Em 2022, Paul e Ringo começaram a completar a música e ficaram surpresos com o resultado. Além das partes de John, Now and Then possui arranjos de guitarra e violão gravados em 1995 por George, uma nova parte da bateria de Ringo, e baixo, violão e piano de Paul.
Não há dúvida: é uma música dos Beatles. Paul e Ringo também contribuíram com backing vocals para o refrão. “Lá estava a voz de John, cristalina. É bastante emotiva. E todos nós tocamos nela, é uma gravação genuína dos Beatles”, afirma McCartney. “Em 2023, ainda estar trabalhando em músicas dos Beatles e prestes a lançar uma nova canção que o público ainda não ouviu é algo empolgante.” Ringo completa: “Foi o mais próximo que chegamos de ter John de volta na sala, então foi muito emocionante para todos nós. Foi como se ele estivesse lá”.
Novembro será o mês da Beatlemania
Novembro de 2023 promete marcar uma nova onda de Beatlemania. Além do lançamento histórico da faixa inédita Now and Then, que sai em single duplo junto com Love me Do, a primeira música lançada pelo grupo, será exibido no canal oficial no Youtube o documentário de 12 minutos Now and Then — The Last Beatles Song, escrito e dirigido por Oliver Murray.
O curta-metragem conta a história por trás da última música dos Beatles, com imagens exclusivas e comentários de Paul, Ringo, George, Sean Ono Lennon e o diretor Peter Jackson. Haverá ainda novas edições das famosas coletâneas conhecidas como Álbum Azul e Álbum Vermelho, com os maiores sucessos da banda.
Ambos foram mixados com a avançada tecnologia Dolby Atmos e trazem textos escritos pelo jornalista John Harris. A cereja do bolo de todo esse material é o documentário John Lennon: Assassinato sem Julgamento, narrado pelo ator Kiefer Sutherland.
A produção traz entrevistas exclusivas com testemunhas e fotos inéditas da cena do crime, que ocorreu em 8 de dezembro de 1980, em Nova York, na frente do prédio Dakota, onde o Beatle morava com a mulher, Yoko Ono, e o filho, Sean.
A minissérie lança uma nova luz sobre a vida e o assassinato de Lennon, além de tudo sobre a investigação e a condenação de Mark David Chapman, o assassino confesso. As novas informações vieram graças à Lei de Liberdade de Informação do Departamento de Polícia de Nova York e do escritório da promotoria. A série tem direção de Nick Holt e estará disponível na AppletTV+.
