O Banco Central Europeu (BCE) aumentou, nesta quinta-feira (27), a sua taxa de juros de referência em 0,25 ponto percentual, o nono aumento consecutivo como parte de sua política monetária restritiva de combate à inflação na zona do euro.

No entanto, após seus nove aumentos sucessivos, a instituição monetária sugeriu que poderia fazer uma pausa no aumento de suas taxas nos próximos meses.

A taxa sobre depósitos, que serve de parâmetro para as demais, chegou ao seu máximo histórico de 3,75%, atingido entre outubro de 2000 e maio de 2001. A taxa de refinanciamento subiu para 4,25% e a sobre empréstimos marginais para 4,50%.

Por outro lado, o BCE decidiu reduzir a 0% a remuneração de uma parte das reservas obrigatórias dos bancos, o que reduzirá a fatura que deve ser paga em juros sobre as reservas que ainda representam vários bilhões de euros.

“A inflação continua caindo” em 2023, mas “deve permanecer muito alta por muito tempo”, explicou o BCE em comunicado, detalhando suas decisões.

O BCE estimou que a saída da Rússia do acordo sobre a exportação de cereais ucranianos pelo mar Negro poderia aumentar os preços.

Ao mesmo tempo, abriu as portas para uma possível pausa nos aumentos das taxas de juros em sua próxima reunião.

“Temos uma atitude aberta sobre as decisões que serão tomadas em setembro e nas reuniões seguintes”, que dependerão dos dados econômicos disponíveis, declarou a sua presidente, Christine Lagarde, em coletiva de imprensa em Frankfurt.

“Estamos entrando em um período em que dependeremos dos dados econômicos”, acrescentou, e são esses dados que decidirão “se aumentamos (as taxas) ou pausamos”, explicou Lagarde.

“Pode ser um aumento ou uma pausa”, acrescentou a francesa. “Vai depender das reuniões”.

Ela garantiu, porém, que em hipótese alguma as taxas serão reduzidas nas próximas reuniões.

Na zona do euro, a inflação está em queda, a 5,5% anual em junho, graças, principalmente, aos preços mais baixos da energia, porém ainda está bem acima da meta de 2% estabelecida pelo BCE.

– Críticas –

Os aumentos sucessivos das taxas começam a despertar temores.

Lagarde afirmou que as perspectivas econômicas da zona do euro “se deterioraram”.

A política de juros altos é “arriscada” e pode “prolongar a atual fase de fragilidade econômica que vivemos na Europa e na Alemanha”, disse Marcel Fratzscher, presidente do instituto DIW de Berlim, a um grupo de imprensa alemão nesta quinta-feira.

E depois? O BCE vai fixar as suas taxas de juros de referência “em níveis suficientemente restritivos para garantir, o mais rápido possível, o retorno da inflação” a 2%, explica a instituição.

O governador do Banco da Holanda, Klaas Knot, observou recentemente que uma nova alta na taxa de juros este ano é, “na melhor das hipóteses, uma possibilidade, mas não uma certeza”.

A zona do euro entrou em ligeira recessão no inverno passado, mas as últimas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) contemplam um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) da região de 0,9% (+0,1 ponto) em 2023, apesar do retrocesso na Alemanha (-0,3%).

fcz/ylf/clc/mab-meb/mb/jc/aa